2.9.10

Salva-vidas

Porque projectamos nós nos outros, aquilo que gostaríamos que fossem ao invés de aceitarmos o que realmente são? Tendemos todos para isso, acho eu. Conhecemos as pessoas, até ao nível que nos é dado a conhecer e incluindo sempre o cunho que lhes imprimimos que nunca é isento, faz parte do ser humano, a nossa interpretação tem sempre e só a ver connosco, mas depois projectamos, invariavelmente todo o potencial que a pessoa tem, ou que pensamos que tem. Muitas vezes é esse potencial que é o mais atractivo, diminuímos o real e focamo-nos no potencial. Depois, quando as pessoas não correspondem ao potencial que lhes atribuímos inventamos todos os motivos e mais alguns para que tal não suceda. Há uma pessoa que me acha o máximo. Acha-me linda, maravilhosa e um espectáculo de pessoa. Tudo filme daquela cabeça. Fico chateada, porque não só não me conhece bem como também tem as ideias um bocado baralhadas por conjunturas negativas e então, eu pareço-lhe um raio de sol no meio da escuridão, pareço-lhe o salva-vidas que lhe vai deitar a mão porque se sente a afundar. Tudo filme daquela cabeça. Aceito que me ache bonita, há gostos para tudo e gostos não se discutem. Não aceito que me venere, que me eleve a um plano que só naquela cabeça existe, e muito menos que me tome por salva-vidas. Tomara eu manter a minha vida à tona.

25 comentários:

grassa disse...

E depois há aquelas pessoas que têm imenso potencial para não ter potencial de espécie alguma.

jacklyn disse...

Pois há (mas sabes, eu já me estou a cagar para o Manuel, lol)

Refiro-me so potencial que só existe nos olhos de quem vê. Esse potencial é uma valente merda e só dá em desilusões.

jacklyn disse...

*ao potencial

grassa disse...

Isso pode não ser potencial. Podem ser só ramelas.

jacklyn disse...

Bem visto. Vou mandar essa pessoa lavar bem os olhinhos. A ver se resulta. Obrigada grassa :)

grassa disse...

De nada. Já sabes que para desconversar e não dizer nada de jeito podes sempre contar comigo.

jacklyn disse...

Eu sei, e é por isso, também, que gosto tanto de ti.

grassa disse...

Também? Não querias dizer "só"?

jacklyn disse...

Não. Queria dizer também. E disse. Porquê? Há azar?

grassa disse...

Deves estar a querer que te obrigue a apagar os meus comentários...

jacklyn disse...

Estás certamente a confundir-me com alguém. Hellooooo, c'est moi, a Jack, aqui pá. Aqui!

grassa disse...

Desculpa, costuma acontecer quando ponho as palas da raiva...

jacklyn disse...

Pronto, pronto. E já as tiraste?

grassa disse...

Nope. Mas já estiveram maiores.

jacklyn disse...

Já sabes que podes sempre vir aqui, quando custarem a sair.

grassa disse...

Agora a sério: achas que devia cagar e evitar consumir-me com isto?

jacklyn disse...

Acho. Ele não vale a energia que gastas com ele, nem merece sequer a tua raiva. Desprezo, grassa. Desprezo.

grassa disse...

É. O problema é que eu tenho tanta energia que até tenho de a consumir de forma inútil.

jacklyn disse...

Ok, quando precisares de consumir essa energia, avisa-me que eu tenho montes de loiça e de livros lá em casa, para embalar e levar para a arrecadação. Sempre é mais útil, pelo menos para mim. Que dizes? Lol.

Pulha Garcia disse...

Qual é o mal de alguém te achar linda, maravilhosa, cheia de qualidades, mesmo sem te conhecer bem? Precisamos do belo, como indivíduos e como raça.

jacklyn disse...

Acontece Pulha, que nada disso é real, precisamente porque não me conhece bem. A maior parte dessa ideia é apenas imaginação, ou ilusão, se quiseres. Inevitavelmente dará em desilusão. Porque não alguma contenção nos juízos que se fazem acerca de quem não se conhece bem? Acho tão errado fazer avaliações prematuras demasiado más, como demasiado boas.

Isa disse...

Diz que sim Grassa, por favor. E ouve o que a Jacklyn te diz, sobre o consumires-te com aquilo. Ontem agradeci, hoje acrescento as minhas desculpas. Se te passasse pela cabeça o que me dói ver-te ali a falar com aquela parede, acho até que eras gajo pra repensares a tua raiva.


Jackie,
Tu até deves ser mesmo isso tudo, ele só não deve estar a ver a parte dos defeitos que te fazem uma pessoa normal, porque não te conhece bem, como dizes. Mas suspeito que se vier a conhecer, ficará exactamente com a mesma impressão.É o que acontece, quando as coisas bonitas se sobrepõem às menos bonitas, porque lhes ganham.

Maya disse...

Oh Jac, isso é realmente uma chatice. Também me acontece (eu, a armar-me). E também a mim me desagrada. Essas pessoas são um bocado perigosas. Tão depressa amam e veneram como depressa esquecem e odeiam. Não são de fiar, portanto. Pessoas sem personalidade. O que me chateia realmente: como raio fui eu atrair uma pessoa sem personalidade?

jacklyn disse...

Isa, olha que não. Não sou nada disso tudo, sou algumas coisas, pronto. A questão é agora deixar ou não que essa pessoa me conheça melhor. Não sei. Ainda.

jacklyn disse...

É isso mesmo Maya, acho que pessoas dadas a estes excessos, são também dadas aos excessos opostos. E excessos assim... como dizer... infundados, sempre me fizeram alguma confusão.