31.12.09

The end

Sou, a partir de hoje, uma mulher divorciada. Tive de me arrastar a mancar até à Conservatória, a audiência estava marcada para esta manhã há algum tempo. Vai ser literalmente "Ano novo vida nova". Mentira, não é nada. A vida nova já não é nova, não é de agora, já tem muitos meses. E, da mesma forma que um papel que oficializa uma relação não altera sentimentos, ou não deveria alterar, o papel que oficialmente a dissolve também nada muda, especialmente quando os sentimentos morreram anos antes. Resumindo, estou na mesma, sinto-me a mesma. A única coisa que poderá mudar é a percepção que os outros têm de mim, porque o estigma da "mulher divorciada" é ainda bastante evidente, e que pessoalmente acho que é uma perfeita estupidez, assim como todos os rótulos inventados pela sociedade. Contudo, como acredito que os actos são o que define as pessoas, não as palavras, e não a raça ou o credo, e muito menos o estado civil, cá estou, eu própria, a mesma, de cabeça erguida, cagando de alto para todos os que, condicionados pelo meu estado civil, se deixem levar pela estupidez e comecem a achar que o meu comportamento vai mudar. Para todos esses, caguei.

30.12.09

Living on the couch

É... é neste estado vergonhoso que me encontro, a viver no sofá. Contra a minha vontade, mas tem de ser. Lá no quarto aborreço-me porque não tenho tantos canais no televisor e depois a cozinha fica mais longe. De modos que me deixo estar por aqui pelo sofá, quentinha, pousadinha, a encorrilhar. Vida dura... Trouxeram-me toda a tralha que estava em cima da minha secretária, pedi e trouxeram-me. Trabalhei qualquer coisa durante a tarde, já não foi mau. Amanhã há mais, apesar do office estar fechado e provavelmente toda a gente extra-office também. Os fornecedores deverão estar todos fechados, já os clientes acredito que alguns escaparão, modernices... Eu conto trabalhar mais amanhã, quanto mais não seja para me entreter e me distrair da dor na perna. Está quase na hora da pica, é o ponto alto do meu dia. Credo... isto está mesmo mau... Disseram-me que não devo abusar de bebidas alcoólicas, por isso um copo de vinho branco não é abusar pois não? Não é... ou é?... Na... abusar seria uma garrafa, certo? E assim, acabo de instaurar a Happy Hour cá em casa, só assim... senão não aguento.

29.12.09

Molho

1ª nova experiência: dar injecções a mim própria, na barriga. Hoje apliquei a segunda, a primeira foi a enfermeira ontem na urgência. Faltam 5, uma por dia e sensivelmente à mesma hora.

2ª nova experiência: ficar em casa de perna ao alto durante 3 dias, e depois ficar em casa de perna ao alto, mas não necessáriamente o dia todo, durante no mínimo 3 semanas. Nem consigo imaginar como é que vou aguentar ficar em casa tanto tempo sem ir para o trabalho, sim, porque trabalhar remotamente a partir de casa não é a mesma coisa.

3ª nova experiência: tomar medicação durante 6 meses e uma vez por mês ter de ir ao hospital fazer o controlo do sangue porque a medicação vai dilui-lo e há que verificar mensalmente.

Portanto, estarei de molho, e durante tanto tempo vou de certeza ficar toda encorrilhadinha.

Ah, esclareço já que não tive o impulso que ir partir o focinho ao médico que me diagnosticou a lesão no tendão de Aquiles, porque o pobre homem foi induzido em erro pela aparência perfeita da minha perna. A gaja não inchou, não ficou vermelha nem quente, que são os sintomas habituais numa situação destas, que na altura deveria ser uma Trombo-flebite. Só me doía, e muito. Por isso outro qualquer médico teria feito a mesma coisa. E só se chegou ao diagnóstico correcto porque a dor piorou... perna enganadora...

28.12.09

Isto vai de mal a pior

Fiquei a saber hoje, após 7 horas na Urgência do Hospital (e de muuuuiiiiiiitas dores) que afinal o meu tendão de Aquiles está bem e recomenda-se, aliás nunca esteve marado. O que eu tenho afinal é uma Trombose Venosa Profunda, ou seja tenho as veias da perna direita todas estuporadas. O que é fixe é que não tem rigorosamente nada a ver com a minha noitada a dançar em cima dos saltos altos. Agora a sério, esta merda pelos vistos é perigosa e pode dar em embolia pulmonar. De maneiras que amanhã de manhã volto ao hospital para ser observada pela equipa de cirurgia vascular e fazer mais uns exames para determinar o tratamento a fazer. Não está excluida a hipótese de internamento, pelo que as calças que iam substituir o vestido, podem muito bem vir a ser substituidas pelo pijamito. O que não me convinha lá muito é que o pijama tenha de ser substiuido por um daqueles panos azuis muito em voga nos blocos operatórios... E prontos, era isto. Se não nos virmos mais, gostei muito de vos conhecer.

(e agora vou ao google ver o que quer dizer "veia poplítea" e "vasos tibiais posteriores" que segundo diz o relatório da ecografia, estão todos fodidos, com a vossa licença...)

Inverno

Não chovia, e o vento só o percebi no final da recta que termina no mar. Não é só o mar, os quilómetros que faço para lá chegar também me fazem bem. Não o vi, só vislumbrei as linhas brancas sofregas que uma atrás da outra se desfaziam no negro. O dia tinha morrido no caminho. Contornei a rotunda e segui na marginal e vi só as luzas dos navios ao longe. Ninguém. Continuei a subir e a água já não era mar, era rio, bravo, revolto. A água corria baça, negra e baça. Ainda ninguém. Vento, folhas e umas gotas de água avulsas. A outra margem repetida na água mas desfocada, difusa. A água corria baça. As luzes da outra margem são baças, tristes. Apeteceu-me parar e sair, apeteceu-me vento e frio na cara, apeteceu-me. Não saí, continuei. A água corria baça. As luzes continuam tristes. O vento continua a soprar o Inverno, na rua, na água. É Inverno na rua, na água, e em mim.

27.12.09

Férias

A ter em conta a falta que me fizeram na noite de Natal, esta semana que começou há pouco mais de meia hora adivinha-se penosa. E merdas à parte, é verdade, é verdade sim senhor, não os ter perto de mim na noite de Natal custou-me muito mais do que as 2 semanas de férias no Verão. Vou ter saudades de tudo, até das coisas que me enervam, já tenho. E este silêncio já me começa a irritar. Vou sair. Foda-se. E mais logo vou ver o mar, nem que chova a potes.

26.12.09

Spooky

Muito raramente as pessoas que me rodeiam me surpreendem. Parece que as conheço demasiado bem. Parece que já sei o que vão fazer ou dizer. E há alturas em que isso me sabe muito bem. Se por um lado tenho momentos em que sei exactamente o que fazer para obter uma determinada reacção e isso quase que me diverte, por outro nunca sou surpreendida. Nada me surpreende, nada de novo e aborreço-me. É aqui que penso que conhecer bem as pessoas, conseguir ler nas entrelinhas das palavras e acções, e analisar tudo quase que automaticamente, saber o que fazer ou dizer para que alguém vá em determinada direcção, não é lá muito bom... vem-me à cabeça uma palavra, manipular. E não gosto, faz-me impressão. É como se eu tivesse uma capacidade que me permite controlar de certa forma o comportamento dos outros, condiciona-los e orienta-los, provocar as reacções que quero, e é assim... ligeiramente... assustador.

23.12.09

Choque

Ontem, na festa de Natal da empresa, o meu filho mais velho supreendeu-me. Estava eu a meter-me com o filho de uma colega, o miúdo tem 17 anos e obviamente tal como todos os outros filhos das outras colegas que são da mesma faixa etária encostam-se a um canto qualquer da sala, e enquanto nós, as mães e os miúdos pequenos dançamos e saltamos, eles não se misturam, ficam lá, a conversar ou a mandar sms ou a olhar, o que é normal nos putos daquela idade. Ainda por cima, como nos conhecemos todos há anos, os miúdos que pegamos ao colo, vão crescendo e alguns já são homens e mulheres feitos, o que é engraçado, ano após ano vemo-los e deitamos as mãosinhas à cabeça e percebemos que estamos velhos. Aquelas coisas do costume. Dizia eu, que estava na brincadeira com um deles, a gozar com ele e com os outros todos, e vem o meu filho, toca-me no ombro e com o indicador no ar, sobrancelha franzida e com o tom de voz mais reprovador possível diz-me: Mãe, o que estás a fazer? Confesso que não percebi imediatamente o que estava a acontecer e disse-lhe: Estou a falar com o filho da G. porquê? Ao que ele respondeu: Ah... ok... então está bem. Aí percebi que o gajo me estava a controlar, nem queria acreditar, caiu-me tudo ao chão. Tem 10 anos. Vai bem, vai. Está mesmo a ver-se o que me espera não está?

22.12.09

Gosto porque

- há alegria verdadeira, não é fingida, todos quantos estão estão felizes por estar;
- há pessoas mais velhas que se emocionam por verificarem que os mais novos se deram ao trabalho de pensar neles e de lhes comprar um presente;
- há confusão e papéis rasgados e fitas e coisas tipo pedaços de esferovite espalhados pelo chão porque os miúdos fazem questão de utilizar imediatamente todos os brinquedos;
- há gente sempre a chegar, mesmo os que jantam noutras casas vêm cá ter depois, para a troca de presentes, vão chegando em grupos até às 2:00h ou 3:00 da manhã;
- há risota, jogos e disparates variados, nos quais participam os mais velhos e os mais novos;
- há o conforto de saber que todas aquelas pessoas são minhas e que eu sou delas;
- há os doces que gosto mais do quaisquer outros doces em qualquer altura do ano, feitos pela minha tia mais velha, que apesar de ter quase 80 anos ainda não passou a pasta e passa a tarde de volta do fogão de lenha.

E há amor, sem o qual nada do que descrevi acima seria possível.

21.12.09

Boys

Quando se é mãe de 2 rapazes acaba-se a gostar de determinadas coisas típicas de rapazes. Carros, motas, aviões, jogar bilhar, jogar às cartas, coisas assim. Mas... Espera aí... Eu já gostava disto tudo antes... Ui... ainda bem que tive rapazes... Se eu tivesse de levar com Nenucos, ou Barbies, fitinhas, lacinhos, folhinhos, tiaras, brilhos, estrelas, corações, ai... nem quero imaginar... só um momento, estou a ficar enjoada, volto já.

20.12.09

Closure

Ele: Como se sente?
Eu: Sossegada.
Ele: Está tudo arrumado dentro da sua cabeça?
Eu: Está tudo devidamente arquivado.
Ele: Sente-se bem então?
Eu: Sim, sinto-me muito bem.
Ele: O que é que mudou?
Eu: Já não tenho aqueles momentos em que me sentia uma fraca, quando pensava: isto só acontece porque eu deixo. Já não tenho esses momentos.
Ele: Gosta mais de si agora?
Eu: Gosto muito mais de mim agora, mas muito mais.
Ele: O que aprendeu com tudo isto?
Eu: Que não devo deixar de verbalizar os sentimentos, bons ou maus.
Ele: Que erros acha que cometeu?
Eu: O maior erro foi ter deixado arrastar uma situação que de alguma forma me diminuía e me fazia mal por tanto tempo. Deveria ter posto um ponto final mais cedo.
Ele: O que espera do ano que vai começar?
Eu: Nada de especial, espero ter força e bom senso para poder orientar os meus filhos, só isso
Ele: Não anseia por nada de especial então?
Eu: Não, sinto que tudo pode acontecer, que está tudo em aberto e não excluo nenhuma possibilidade.
Ele: Não quer voltar a ser adolescente então? Não sente necessidade de viver tudo o que não viveu?
Eu: Não, de todo. O que sou hoje devo-o ao meu percurso até aqui e às minhas opções. Não mudaria nada excepto o detalhe de não ter tomado uma atitude mais cedo. Estou muito bem assim. Mas saio, divirto-me, só que invisto naquilo que me dá realmente prazer.
Ele: Está mais exigente então?
Eu: Sim, de certa forma sim.
Ele: Está mais impulsiva?
Eu: Não, isso não é da minha natureza, já sabe.
Ele: Não há ressentimentos?
Eu: Nenhum, só quero que esteja tudo bem.
Ele: E necessidade de castigar?
Eu: Também não, há coisas que não consigo perdoar, mas arquivei.
Ele: Libertou-se então?
Eu: Completamente, tirando as situções absolutamente necessárias, passo dias e dias sem sequer me lembrar que em minha casa algum dia foi diferente.
Ele: Foi um acumular de coisas más que depois saíram todas ao mesmo tempo.
Eu: Exactamente, fiz uma limpeza geral. Uma purga.

Aquiles

Depois de puxar a fita atrás, acho que já sei como é que estuporei o meu tendão. No sábado passado tive um jantar, não de Natal, mas um jantar que acontece todos os anos (... este foi o de 2008, atrasadíssimo portanto) onde me junto a mais de uma dúzia de amigas, algumas colegas de trabalho e outras não. Juntamo-nos, comemos e bebemos, e depois vamos dançar a qualquer lado. Então, aqui a nina resolveu empoleirar-se nuns sapatos de salto alto que não lhe magoam os pés. Pois... achando que se iria aguentar toda a noitinha a dançar. Mas aguentei-me, aguentei-me bem, os pés sobreviveram intactos, dancei toda a noite e nada, nem uma bolha, uma categoria. Fodi foi o tendão, mas isso é só um pormenor. Não dei por nada nem no sábado, nem no domingo nem na segunda. Só na terça é que acordei com a perna a doer-me. Não liguei nenhuma. Na quarta fui à farmácia comprar pomada para distensões musculares e meti uns anti-inflamatórios. Continuei a não ligar nenhuma. Na quinta, aquela merda não melhorava e ao fim do dia, já me doía não só a perna, como o tornozelo e também o pé. Alto e pára o baile! Médico imediatamente. Diagnóstico: tendão de Aquiles todo marado. E pronto, verifico que os saltos altos são o meu calcanhar de Aquiles, l-i-t-e-r-a-l-m-e-n-t-e !!! E assim o magnífico vestido que comprei para a passagem de Ano fica no armário para dar lugar às calças que serão acompanhadas das botas de salto raso. Está decidido.

18.12.09

Always think twice

Não gosto de gente impulsiva. Este assunto surgiu durante uma conversa com alguém que muito estimo e admiro. Fez-me várias perguntas às quais respondi honestamente. Perguntou-me se estou mais impulsiva. Não estou, não sou. E não gosto de gente impulsiva, que não pensa antes de falar ou de fazer. Que não mede as consequências do que vai fazer ou dizer. Não gosto. Mas também não gosto de gente que pensa demais e contorna e desvia e evita. Não gosto de gente calculista, que não dá ponto sem nó. O que eu gosto é de gente espontânea, mas que não magoa gratuitamente e que tem consciência do que diz, do que faz e do que é. Gente autêntica. Com os outros e consigo própria.

Sintonia

Deito-me e os lençóis trazem-me a suavidade da tua pele, e já não posso evitar tudo o que toma conta de mim. As minhas mãos já não são minhas, são as tuas que percorrem o meu corpo sofregamente, ávidas de mim, de ti, de nós... O fogo, louco... atrai os meus, os teus dedos que percorrem o caminho que tão bem conheces. Sentes-me? Quente, em brasa, pronta para ti... tortura. Acelero, o coração dispara, não páro, não pares agora...

17.12.09

Ser mãe também é...

ter o tendão d'Aquiles todo fodido, a doer mais do que parir um filho e ter de trazer os putos pra casa na mesma, dar-lhes banho e jantar. Noutro dia qualquer teriam ficado a dormir em casa dos meus pais deixando-me sossegada. Sucede que a minha mãe tem trabalho logo pela manhã e não pode tratar deles e leva-los à escola. Calhou bem, não calhou? Só me apetece ganir...

Juro que não sei como é que dei cabo do puto do tendão! Fico fodida!

K.O.

Esta noite dormi sensivelmente 10 horas, ainda não estou em mim. Para quem dorme em média 4 a 5 horas por noite, isto é altamente perturbador. Parece que acordei de uma anestesia, ainda fui ver se tinha uma cicatriz escondidita algures, mas não, e galos na cabeça também não encontrei. Tudo normal portanto. Não percebo o que me aconteceu para ter aterrado àquela hora. Tenho a sensação que mais logo vou entrar em casa com medo, algo estranho se passa. Está bem que me ando a queixar de falta de sono há meses, mas também não é preciso exagerar, certo? É que a dormir não se aprende nada.

16.12.09

Spark

Entramos, e enquanto tirava o casaco
Não tiraste os olhos de mim.
Fingi não perceber, sentamo-nos.
Finalmente encarei-te, não foi preciso mais.
Olhos nos olhos e incendiamo-nos.

Work out

Se esta merda já era um circo para estacionar todas as manhãs, agora que estão a fazer obras de recuperação no edifício daqui do lado é um inferno. Com menos uns 10 lugares, ocupados neste momento com areia, arames, tábuas, telhas, etc... temos de nos desenrascar da melhor maneira para conseguir vir trabalhar. Há quem deixe o carro no parque do supermercado ali do fundo da rua, há quem deixe nas inúmeras garagens desta rua, e há quem deixe em cima do passeio. Tudo mal, o problema é que não há um parque de estacionamento dentro de um raio de distância minimamente aceitável. Eu juro que se não tivesse de deixar os miúdos na escola viria a pé. Já fiz a experiência e sobrevivi. 20 minutos desde a porta do meu prédio até ao centro, sempre a subir, e depois mais 5 minutos para chegar aqui ao office. Acontece que está prestes a abrir um mini-parque de estacionamento nas traseiras de uma casa, Ok, porreirinho penso eu. Já lá estou. Mas 60,00€ por mês??? Merda para isto, é caro! Eu acho caro! Quer me parecer que vou continuar a fazer as minhas manobras milimétricas para estacionar uma carrinha que mais parece uma traineira em sítios que ninguém acredita. Se o caminho a pé me faria bem às pernas, as manobras fazem-me bem aos braços. Ok...

15.12.09

Driving

Vi-te.
Ao longe.
Aproximei-me e encontrei-te.
Depois, acelerei e ultrapassei-te.
Pela direita, a todo o gás.
De vez em quando olho para o retrovisor.
Ainda lá estás.
Ao fundo.
E não aceleras.

Quit

Hoje, pela primeira vez pensei em deixar de fumar. Mesmo. Não como todas as tentativas que fiz, em que a melhor durou 5 semanas, todas foram sem vontade. Sim eu sei, sei disso tudo, é impossível não saber ou ficar indiferente a toda a informação, basta não ser cega nem surda e saber ler. Mas sempre, sempre, o prazer de fumar um cigarro, o prazer de cada cigarro bateu tudo o resto. Nunca tive vontade de deixar de fumar. Estive sem fumar durante muito tempo por duas vezes. Durante a gravidez e aleitamento, das duas vezes. Mas só porque sabia que acabando, podia voltar a fumar. Aguentei-me bem porque sabia que era temporário. Gosto tanto, mas tanto de fumar, é o inspirar o fumo, é o expira-lo, não sei explicar, tanto me acalma como me excita, o que sei é que só fumo se puder disfrutar o cigarro como deve ser. Se for às escondidas, é esquecer, não fumo. Se tiver de ser à pressa também não gosto. Gosto de fumar nas calmas, ou então nem vale a pena. Sou capaz de estar um dia inteiro sem fumar se as condições não se reunirem, e não me importo. Espero até poder fumar com prazer. Depois, estou convencida que mesmo que deixe de fumar, vou pensar nos cigarros o resto da vida. Vou penar, para sempre. Acho que nunca os vou esquecer, que vai ser um calvário, pensar em fumar e ter de contrariar a vontade, diariamente, vinte vezes por dia. Não sei se aguento, o mais provavel é não aguentar. Por isso nunca me martirizei muito com a ideia de parar de fumar definitivamente. Fiz tentativas, mas sem convicção. Uma amiga francesa que tive, dizia-me: j'ai arreté d'essayer d'arreter, parei de tentar parar, mas em francês é muito mais engraçado. Ela tinha encontrado a paz, estava constantemente a tentar deixar de fumar e era uma  miserável, depois desistiu de tentar, e vivia sossegada. Hoje foi a sério, veio de dentro de mim, não sei, veremos o que isto vai dar. E agora o último antes de dormir.

14.12.09

Always look at the bright side

O primeiro carro que tive foi um um carro usado, era pequenino, não estava em mau estado e não era potente. Era um carro porreirinho para uma miúda de 18 anos acabadinha de tirar a carta. Mas eu gostava dele. Isso de dizerem que não há amor como o primeiro é bem verdade, comigo e com os meus carros bate certo. O meu carro foi assaltado, numa noite fria que me gelou quando de manhã cheguei ao pé dele e vi o canhão da chave arrombado e um buraco no sítio do rádio. Fiquei doente, mas lá fui trabalhar. Chegada à empresa, contei a "percipécia" (adoro corromper esta palavra) à malta. Eu tristinha, chateada, revoltada, e diz-me um dos motoristas: "Oh menina, não se enerve, pense bem, era muito pior se lhe tivessem levado o carro e tivessem deixado ficar o rádio..." Quase que nos atiramos para o chão a rir. Desde esse dia que tento ver o "outro lado" da vida, às vezes é difícil de encontrar, mas tento. Seja o que for que nos aconteça, temos de pensar que poderia ter sido muito pior.

Keep it simple

Para quê complicar se no fim, o mais simples é o que nos dá mais prazer? Mas porque é que nos perdemos tantas vezes em pormenores esquecendo o essencial? Mania de dar voltas, florear, torcer e retorcer as coisas, querer que tudo seja afinado, moldado e ajustado ao nosso olhar. O crú agride-nos porque não é exactamente como queríamos que fosse. Não estamos preparados para ver o que lá está, queremos ao invés, ver o que nos convém. Não vale a pena, o que é, é. Independentemente da  nossa vontade. Só podemos decidir se queremos ou não.
Eu quero.
Puro.

12.12.09

Irracional

Ainda hoje o meu coração acelera e a minha pele se arrepia. Ainda hoje fecho os olhos e respiro fundo. Nada mudou portanto, Prince meu amor... há quanto tempo me cantas o Purple Rain?

11.12.09

Suspiro

De cada vez que me olho ao espelho e me aborreço com  as dimensões das coxas e da anca, levanto os olhinhos, pouso-os no decote e sorrio. Ah... que maravilha. Gosto mesmo das minhas mamas, agora. Pena que estejam prestes a ir à vida... É... a vida é feita de escolhas, e eu tenho de escolher entre ter um par de mamas minimamente aceitável ou caber nas putas das calças. Como não estou para comprar roupa nova, adeus mamas... azar.

10.12.09

As good as it gets

O puto tem 6 anos, não sabe falar inglês, tirando aquelas coisas básicas das cores, animais etc... que aprendeu no infantário e agora na 1ª classe. Mas curte à brava cantar alto e bom som em inglês. Não faz a mínima ideia do que está a dizer, repete os refrões mais ou menos bem, pelo menos identificam-se as palavras, o resto é apenas imitação de sons que se tornam hilariantes porque está com os "coisos" do Mp3 metidos nos ouvidos. Vai dos Pink Floyd aos U2, passa pelo Michael Jackson e pela Madonna. Mas gritos e saltos é com os Rage Against the Machine. Estas merdas comovem-me, que querem?

Belíssima


Das mulheres mais bonitas que já vi.
Monica Belluci.



Cambada

A mim disseram-me que no século XXI iriamos ter uma série de merdas fixes e nada. Fico fodida, claro que fico. Por exemplo, a mim disseram-me que no século XXI uma pessoa ia poder meter-se numa cena parecida com uma cabine telefónica e carregar num botão e desaparecer de dentro da cena e aparecer dentro doutra cena noutro sítio qualquer, e diziam que aquilo era altamente, ou seja o teletransporte. Quem é que não se lembra de ver esta merda na televisão? Ele era o Star Trek, ele era o Espaço 1999, e por aí fora. Ah pois, mentiram-nos com todos os dentinhos da boca. E nós, burros, acreditamos. E convencemo-nos que quando fossemos adultos iriamos usufruir destas e doutras cenas fixes amplamente divulgadas na televisão. E quê? Nada! Quer dizer, os melhores cérebros do mundo escavam túneis com quilómetros de comprimento, com máquinas e computadores e fios e merdas que não lembram ao diabo, gastam milhões ou biliões, eu sei lá, e nem uma cabinezinha telefónica para a gente dar um saltinho rapidinho ali a Paris, ou a Londres ou a outra cidade qualquer? Ir num pé e vir noutro? Dava tanto jeito... Cambada de mentirosos...

8.12.09

Não sei que lhe diga.

Não consigo ser uma boa amiga quando falo com ela. Quando ela me conta todas as dores de cabeça e de alma que tem. Quando ela se queixa de como ainda lhe dói. Não consigo dizer-lhe nada que a possa ajudar. Tudo o que me ocorre é descabido, desajustado ou insensível. Tenho pena, muita pena de não a poder ajudar. Contudo passei por uma situação muito semelhante, mas com uma grande, enorme diferença. Ela, ela ainda gosta dele. Depois da confusão, depois de todas as mágoas, ela, sempre gostou dele, ainda gosta dele. Não sei que lhe diga. Por isso, eu não passei. A minha fase da confusão e das agressões já não tinha nada que ainda magoasse. Essa parte foi antes, muito antes. Ela acabou a relação antes de acabar o amor. Eu acabei a relação depois do amor ter acabado. Não sei que lhe diga, não consigo dizer-lhe nada de jeito.

Talvez

Ficou-me um gostinho amargo.
Eu achei que iria ser doce, não foi.
Foi bom, mas não foi doce.
Talvez nem haja doce.
Talvez, não sei.

A questão da idade

Há dias assaltou-me uma ideia, (e de revólver em punho a gaja...), que, confesso, me surpreendeu. Tenho 34 anos, já ia sendo tempo de começar a usar um creme anti-rugas não? Se calhar era bom. Isto nem parece meu, mas pensando bem, já tenho idade para uma série de coisas, agora que exploro esta coisa da idade. Se eu fizer uma "check list" pegando no exemplo da minha mãe é capaz de ser engraçado, ora vamos lá:

A minha mãe, quando tinha a minha idade:

- tinha 2 filhos, um de 10 (eu) e outro de 7
- era elegantéeeerrima e continua a ser
- usava saltos altíssimos a que chamamos "stilettos" agora
- usava saias travadas e casacos de peles
- fartava-se de trabalhar, tanto em casa como no trabalho
- tinha os pais a seu cargo, a mãe já incapacitada
- tinha um irmão solteiro a viver em sua casa que lhe "tocou" pois ficou a viver com os pais depois de se casar
- não tinha mulher a dias, fazia ela tudo o que envolve a manutenção de uma casa com 7 pessoas, sendo destas 2 velhos e 2 crianças
- continua casada com o meu pai, e no dia de hoje celebram 35 anos de casados.

Agora moi:

- tenho 2 filhos, um de 10 e outro de 6
- sou rechonchuda, luto contra o excesso de peso desde que me conheço e a tendência é piorar com a idade
- começo apenas agora a usar saltos altos, mas é esporadicamente e nem se comparam aos "stilettos" matadores da minha mãe
- uso basicamente jeans e casacos que descambam para o estilo motard, mas começo a piscar o olho a alguns vestidos
- farto-me de trabalhar, mas mais no trabalho do que em casa
- nunca tive ninguém a meu cargo além dos meus filhos
- em minha casa éramos 4, agora somos 3 e tenho mulher a dias uma vez por semana
- acabo de meter a papelada do divórcio ao fim de 12 anos de casamento

Hum, quer dizer... E eu a pensar que isto era capaz de ser engraçado, analisando o raio da lista não achei piadinha nenhuma, juro que não.

7.12.09

Certezas

Tenho muitas dúvidas. Questiono-me e questiono os outros vezes sem fim mas sempre em silêncio. Quando verbalizo, normalmente é porque não é importante. As questões importantes têm direito a silêncio e observação, o decorrer do tempo traz algumas respostas. Nem sempre obtenho respostas, mas vou recolhendo alguma informação que às vezes me sossega, outras vezes me perturba.  Por outro lado, também tenho certezas, que não sei explicar de onde vêm, não têm qualquer origem lógica ou racional, mas que dentro de mim são certezas. São coisas que sei. Simplesmente sei. Estas certezas acontecem-me assim, e não consigo livrar-me delas. Deve ser isto a que chamam intuição, não sei. Contudo, o que é mais perturbador nestas certezas, é que não me lembro de nenhuma vez em que me tenha enganado. De todas as certezas que tive, não foram muitas, nenhuma falhou. Bateu tudo certo. Isso é que me perturba. Já me aconteceu olhar para alguém e saber o que ia acontecer. Houve um momento, não sei explicar como, em que soube. E aconteceu. Já me aconteceu ver 2 pessoas conversarem normalmente e eu soube que aquelas duas pessoas iriam ficar juntas. E ficaram, assim como também soube mais tarde que se iriam separar, sem qualquer sinal. Não sei, eu olhava para eles e sabia. E separaram-se. Cheguei a comentar e ninguém acreditou. Também tenho a convicção de que vou ter mais 2 filhos, não sei explicar porquê. Quando nasceu o primeiro, imediatamente soube que iria ter mais 3 filhos. Houve outras, algumas más, muito más, e também não me enganei. Tudo isto me perturba, mais do que por saber o que vai acontecer, perturba-me porque nada posso fazer para o mudar.

6.12.09

Toranja - A carta

(Nunca tinha prestado atenção a esta letra, até hoje, quando a encontrei por acaso)

"Não falei contigo
Com medo que os montes e vales que me achas
Caíssem a teus pés...
Acredito e entendo
Que a estabilidade lógica
De quem não quer explodir
Faça bem ao escudo que és...
Saudade é o ar
Que vou sugando e aceitando
Como fruto de Verão
Nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
Que num dia maior serás trapézio sem rede
A pairar sobre o mundo
Em tudo o que vejo...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
Nela te pinto nua, nua
Numa chama minha e tua.
Desconfio que ainda não reparaste
Que o teu destino foi inventado
Por gira-discos estragados
Aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
De sincronização do coração
São leis como paredes e tectos
Cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
Por cima de todos os teus números
Raízes quadradas de somas subtraídas
Sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
Um ciclo vicioso
Harmonioso ao teu gesto mimado
E à palma da tua mão...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
Nela te pinto nua, nua
Numa chama minha e tua.
Numa chama minha e tua.
Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos deuses...
Mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro...
...nela te pinto nua, nua
Numa chama minha e tua.
Numa chama minha e tua.
Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém...
Se não te deste a ninguém
Magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.
A mim... passou-me ao lado."

5.12.09

Recap

No dia em que fez 6 meses que ele se foi embora, entreguei os papéis na Conservatória. Não foi premeditado ser precisamente nesse dia, apenas calhou assim. A correr bem, embora não acredite muito na rapidez do processo, começo o próximo ano já com novo estado civil. Veremos. Lembro-me de mais ou menos por esta altura, no ano passado alguém no trabalho ter ido ver as provisões do horóscopo para 2009. A mim diziam-me que este ano iria ser um ano de grande mudança, e eu ria-me. Eu já sabia disso. Eu já sabia o que iria dizer o meu horóscopo. Sucede que não sei, nem quero saber o que vai acontecer em 2010, como se eu acreditasse nas previsões dos astros. Mas prefiro assim, está tudo em aberto, tudo pode acontecer. É bom este sentimento de expectativa sem esperar nada de concreto. A certeza de que há um mundo de possibilidades à minha espera, sem que eu queira nada de especial. Que tenho tudo ao meu alcance, tudo à minha disposição, e eu sem pressa nem ânsia. É bom.

4.12.09

Amo-te

Amo-te. E depois?
As palavras valem pouco quando não são coerentes com a atitude.
Amo-te. E depois?
As palavras valem pouco quando são usadas como uma borracha  para apagar o sofrimento causado.
Amo-te. E depois?
As palavras valem pouco quando são usadas como tábua de salvação.
Amo-te. E depois?
As palavras não valem nada.

Nunca duvidei que de facto me amasses.
Provavelmente ainda me amas.
Mas não me soubeste amar.
Há muito que não te amo.
Percebeste isso.
Só que há pouco.

3.12.09

And the Oscar goes to:

Por acaso, só por acaso, deparei-me com a melhor tradução de sempre na história do audiovisual em Portugal, (ui, que isto até rimou!) que como toda a gente sabe há-de ser das piores nações a traduzir títulos de filmes, séries, etc... Excepção seja feita a títulos básicos de uma palavrinha só como o Dallas, mas esses não contam como traduções certo? Nomes não se traduzem, dahaaaa!!!

Pois muito bem, senhoras e senhores, o Oscar para a categoria de "melhor tradução de título" vai para a série infantil (transmitida não sei em que canal, não fixei, mas que é um verdadeiro marco histórico):

Lazy town

Traduzido para português como: 

Vila Moleza

(É ou não é do melhor? Hein?)

2.12.09

Risks

"Risks. How we feel about them says a lot about us."

(unknown)

1.12.09

De longe a longe

...encarno um personagem. Não se trata de mentir, e também não considero que seja fingir. Acontece que há alturas em que para que as pessoas se dêm conta das suas próprias atitudes não adianta nada contrariá-las, a única atitude que resulta é ser burra e obediente. É  mais ou menos equivalente a mostrar-lhes um espelho. Temos sempre essa possibilidade, eu faço isso muito mais do que entrar em discussões inúteis, há posturas que podemos ter, que simplemente são como esfregar-lhes com um espelho na cara. Sem precisar de gritos nem zangas, é muito mais eficaz mostrar. Este "personagem "é extremamente eficaz se utilizado com pessoas inteligentes que tenham a capacidade de a dada altura analisar a própria postura e ajustar a atitude de acordo com o que acabaram de ver no tal espelho que lhes mostro, caso contrário é perder tempo. Burra e obediente, sou-o as vezes que forem necessárias, e sou tão boa nisso.