Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens

11.11.14

O poder das mulheres?

O poder das mulheres não está no número de fêmeas num governo, parlamento, ou presidência de um país nem no número de fêmeas presidentes de empresas multinacionais. Tão-pouco nas mulheres que se destacam em profissões tradicionalmente masculinas. Muito menos nas que queimam soutiens, cortam o cabelo à homem e fazem tatuagens de macho.

O poder das mulheres está na escolha do macho, está nas pernas que abrem para receber o sémen, está no ventre, na vida que geram dentro de si e que expulsam à força de gritos, lágrimas, suor e sangue. O poder das mulheres está nas mamas que esguicham o leite que aquece e engorda a cria. O poder das mulheres está no colo que embala e acalma o choro, está no coração que dá amor. Está na mão que dá a palmada que termina a birra e está na boca que profere “não” sempre que necessário.
 
O poder das mulheres está na educação que dão aos filhos, pois eles são o futuro e em cada geração as mulheres moldam o futuro. Esse poder é tão grande e causa tanto estrago que quando não é bem usado os resultados são trágicos. Há exceções que confirmam a regra dos traumas da infância e adolescência que resultam em adultos desequilibrados e psicóticos, mas são poucas. Um mau pai causa danos, uma má mãe - ou a ausência dela, por vezes - causa muitos mais, mais profundos e quase sempre irreversíveis.
 
O poder das mulheres está na capacidade de sacrifício e sofrimento, no peso da preocupação que conseguem carregar diariamente, na certeza absoluta que os filhos estão sempre primeiro.

As mulheres detêm o poder de moldar o mundo, de fazê-lo avançar ou retroceder. Este poder é tão imenso e tão infinito, no entanto está dentro de cada mulher, de cada mãe. É uma noção difícil de interiorizar sobretudo num mundo onde o individualismo impera, e todos achamos que somos o centro do mundo. Não somos o centro, somos apenas as peças de uma máquina, e esta noção tem tanto de grandioso como de humilde. Remete-nos simultaneamente à insignificância e à importância de uma pequena peça, fundamental para o funcionamento da máquina do mundo civilizado.

Para o bem e para o mal.

10.10.14

Medo

Ao deitar.
Ele: Oh mãe, tenho tanto medo do Ébola... só penso nisso.
Eu: Então pá? não é preciso exagerar. Eu também tenho medo mas não ando sempre a pensar nisso
Ele: Mas eu fecho os olhos e só penso nisso, juro-te.
Eu: Pá, quando fechares os olhos pensa em gajas, gajas giras, pensa em mamas, sei lá.
Ele: (a rir) E a minha turma está cheia delas!
Eu: Ora aí tens, pensa nas miúdas da tua turma.
Ele: Boa, mãe!
Eu: Vá, dorme bem.

29.9.14

Festas

Ontem tive em casa toda a tarde oito miúdos com idades compreendidas entre os onze e os doze anos. Todos jogadores da equipa de futebol na qual joga o meu mais novo, mas só três da turma dele. O meu moço pediu-me que a festa de aniversário dele fosse lá em casa e que queria fazer um torneio de "Playstation", com um daqueles jogos de futebol muito realistas que até dá para escolher a forma das sobrancelhas dos jogadores. Então, enquanto dois jogavam, os outros seis gritavam a plenos pulmões, ora força, ora vai, ora chuta, ora falta, ora golo, como se estivessem num estádio de futebol. O mais velho fechou-se no quarto, coitado. Cada parte durava cinco minutos, cada jogo dez. Foram sete jogos, é fazer as contas. Foi uma tarde deveras relaxante. Interrompi os jogos antes da final para que cantassem os parabéns ao rapaz e comessem o bolo. Entretanto, o primeiro pai que foi recolher o respetivo miúdo teve de subir lá a casa pois o rapaz estava a jogar a final.

O homem mal entrou fez uma careta e perguntou-me: Como é que consegue?

Encolhi os ombros e respondi: O que vale é que é só uma vez por ano!

22.9.14

O grande e o pequeno

Hoje o pequeno faz onze anos. Já não é muito pequeno. O outro, com onze anos já era o grande. Esta mania que tenho de os distinguir por pequeno e grande, em vez de mais novo e mais velho, por este andar vai ser até serem ambos homens feitos, e quiçá o pequeno até fique maior que o grande.

17.9.14

Baixo

Em Setembro, todos os anos temos um fim de semana de concertos no jardim do Centro Cultural Vila Flor. Chama-se Festival da Manta e quem quiser leva uma manta, ou um tapete, ou qualquer coisa para estender na relva e ficar a assistir ao concerto sossegadinho sentado no chão. Este ano levei os meus rapazes ao concerto dos Linda Martini. Nem eu nem eles conhecíamos mais do que alguns temas escutados no Youtube e concordamos que era material bom e achamos que valia a pena. Fiquei toda contente por eles quererem ir, caso contrário iriam jantar e dormir em casa do pai, coisa que não me agradava pois estava filada aos beijos de parabéns que me tocavam logo a partir da meia-noite. Fomos e adoramos, foi muito bom, logo a começar o vocalista diz que as mantas podem ser voadoras, não é obrigatório que fiquem no chão e toda a gente de imediato se levantou. O som de Linda Martini não cria propriamente um ambiente que nos deixe ficar sentadinhos calmamente no chão. A meio, o grande que já está mais alto do que eu, vira-se para mim e pergunta-me:
Mãe, sabes que instrumento está a tocar a rapariga?
Respondi: sei, está a tocar baixo.
Ele: está nada, está a tocar alto.

28.7.14

Sou deles

Acabei a licenciatura, ainda pensei em inscrever-me num mestrado, mas já desisti. O que eu queria fazer não abriu em horário pós-laboral (contrariamente ao que havia sido anunciado) e o outro em pós-laboral obrigar-me-ia a ir às aulas três noites por semana. Prometi aos meus filhos que faria o mestrado se fosse apenas uma noite por semana (conforme havia sido anunciado). É tempo agora de me dedicar a eles, de lhes dar todo o meu tempo livre, sem aulas, sem trabalhos, sem condicionantes. Foram três anos em que estive um pouco longe deles. Bem sei que estiveram os meus pais, que vigiaram de perto quando eu não pude, mas agora sou eu. Vou ser eu. A tempo inteiro. Quem sabe um dia continuo, mas o que fiz já ninguém me tira e estou satisfeita comigo. Sinto-me bem. Agora sou deles. Só deles.

16.7.14

O grande está cada vez maior

Está mais alto do que eu. Já corta o bigode. Tem acne. Tem voz grossa. Resmunga-me e leva palmadas como se tivesse 6 anos. Abraça-me e levanta-me como se eu tivesse 6 anos. Dá-me beijos gordos e sonoros. Já faz programas com os amigos. Fala de gajas e de mamas. Fui matricula-lo hoje. Vai mudar de escola, vai para o 10º ano. Deus o fade bem.

7.7.14

Férias

Fui há bocado deixar os dois, o grande que está cada vez maior e o pequeno que cada vez está menos pequeno, com malas, sacos e mochilas no Centro de Estudos que frequentam, e neste momento devem estar a caminho da Colónia de Férias onde vão passar esta semana. Vão divertir-se com toda a certeza, mas eu estou com o coração nas mãos. Não é a primeira vez que vão, mas para mim é sempre como se fosse. Vou ter sossego para terminar os trabalhos que ainda me restam, vou fazer uma faxina profunda em casa e vou arrumar livros e apontamentos, roupas, gavetas e armários. Mas desconfio que todas as atividades são meras distrações que invento para não sentir tanto as saudades.

12.6.14

Acorda-me

Ao virar-se de costas para mim para dormir, disse-me já de olhos fechados, mãe, acorda-me às seis da manhã, para quê, perguntei-lhe. Para eu te abraçar.

16.5.14

Endrominanços

À mesa, durante o jantar, sobre qualquer coisa que um amigo de um deles queria fazer e que a mãe não deixou:

Eu: Sabem, às vezes, as melhores mães não são aquelas que deixam fazer tudo.
Grande: Eu sei mãe, tu já me explicaste.
Pequeno: Mas às vezes as mães não deixam, e depois deixam.
Eu: As que são endrominadas.

Silêncio...

Eu: Vocês acham que me dão a volta facilmente?
Grande: Facilmente não, dificilmente, quase nunca.
Pequeno: Muito poucas vezes.
Eu: Pois fiquem sabendo que as vezes que vocês acham que me deram a volta, não deram, fui eu que mudei de ideias (tentativa desesperada de manter a minha posição sem me desfazer a rir) E ao pai?
Pequeno: Ao pai nunca damos a volta, impossível.

Silêncio...

Eu: E à avó e ao avô, conseguem dar a volta?
(ambos às gargalhadas)
Grande: À avó damos sempre a volta. Sempre.
Pequeno: Ao avô também, quando eu quero alguma coisa ele pergunta: quantos beijos me dás? Eu respondo 200, e começo a dar-lhe beijos mas ele manda-me logo parar, diz que são muitos.

17.4.14

Carta

Venho informar por este meio que tem de deixar o seu neto fazer as coisas que ele gosta. Eu soube por informação satélite que você andava a praticar esta atividade. Cumpra-a que assim é melhor para você.

Ass: M.A.P.
(melhores avós possíveis)


O meu pai recebeu ontem esta carta, que alguém meteu na caixa do correio, com a seguinte nota no envelope:

 "acabou o tinteiro, por isso está escrito a caneta"

Está bom de ver quem foi, não está?

25.9.12

Perpétua

Quem não se lembra da Tieta do Agreste? (por favor não valorizar as alusões a obras do Jorge Amado ultimamente, não têm qualquer significado para além do que lhes dou, de serem base de muitas telenovelas que quer queiramos quer não deixaram fortes memórias em várias gerações) E quem se lembra da Tieta do Agreste também se lembra de certeza da Perpétua, a irmã. Sempre vestida de preto, eterna viúva e com a trança a atravessar-lhe a cabeça. Sempre mal disposta, sempre zangada e sisuda. Ora o meu pai gosta de chamar Perpétua à minha mãe, quando estamos todos na palhaçada e ela se irrita connosco. Isto dura há anos, desde a telenovela, ou seja, quando a brincadeira começa a ser demasiada e a minha mãe manda parar, o meu pai dá o alerta, calem-se que vem aí a Perpétua o que dá sempre risota e desarma a automaticamente a minha mãe. Os meus filhos obviamente que já aprenderam a história da Perpétua, sem terem sequer ideia que quem é ou foi a Perpétua, mas há muito que captaram o espírito da coisa.

Hoje, hora de almoço, eu a mandar o rapaz grande despachar-se para entrar no carro, costumo deixa-lo à porta da escola a caminho do trabalho e hoje com a chuva ele estava mais lento do que o habitual. Ena mãe! Estás brava, já pareces a Perpétua versão 2! E ria-se às gargalhadas. Não consegui, também explodi às gargalhadas.

19.9.12

Benção

Depois de várias alterações ao horário, este primeiro semestre vislumbra-se menos difícil do que o anterior, mas ainda assim  três noites por semana os moços terão de dormir nos avós. Na cabeça da minha mãe isto é terrível porque e se depois eles têm dúvidas nos trabalhos de casa e eu não consigo ajuda-los? Ao que eu respondo, tentando sossega-la, que num desses três dias da semana só tenho aulas às oito o que me permite ir a casa deles depois do trabalho, ver os trabalhos dos rapazes antes das aulas. Serão só dois dias em que eles têm de fazer os trabalhos sem ninguém para acudir às dúvidas e nesses dias farão como os outros e colocarão as dúvidas aos professores no dia seguinte. Mas não sei, continua ela, eles vão ter saudades, e eu é que sei porque eu é que os deito e eles dizem-me, não sempre, mas às vezes, que têm muitas saudades da mãe. Eu sei mamã, eu sei, e isto corta-me o coração também a mim. Só que o meu pai, mediante as choraminguices de mãe e de avó, eu já a considerar deixar mais uma cadeira para exame e libertar outra noite da semana, insurge-se e pergunta por que raio haveria eu de deixar de ir a essa aula, porque os rapazes ficam bem e ela fez tudo este ano que passou, não fez? Fiz, papá, fiz. Então que faça igual agora neste que dos moços cuidamos nós e se vai fazer o esforço, que aproveite o mais possível para acabar o mais depressa possível. E eu fico a vê-los aos dois, a minha mãe e o meu pai, assim a decidirem a minha vida como se eu nem lá estivesse, a discutirem e a organizarem as vidas, a deles, a minha e a dos meus filhos, sempre pelo melhor, sempre sem pensar nos próprios sacrifícios. E eu fico a vê-los aos dois, a minha mãe e o meu pai, e penso, que sorte que eu tenho.

29.8.12

Sono

Como faço todas as noites, antes de me deitar vou buscar o rapaz pequeno e levanto-o para o levar à casa de banho. Já não o levo ao colo que ele já ultrapassou há muito o meu limite máximo de levantamento de peso, mas basta orienta-lo e ele vai pelo pé dele, de olhos fechados e faz o chichi. Ontem, deixei-o à porta da casa de banho e fui-me despir. Quando lá cheguei estava de olhos fechados, muito direito a fazer chichi para dentro da banheira.

8.3.12

Finalmente

O trabalho foi entregue e hoje saiu e nota. 18. Devia estar contente, e até estou, só que não estou. Fico a pensar que se tivesse tempo para estudar e para preparar os trabalhos como deve de ser fazia esta merda com uma perna às costas. Mas como o tempo é pouco, os meus filhos pesam-me na alma por estar a roubar-lhes tempo e atenção, o dinheiro não sobra e o meu carro bebe cada vez mais o que significa que tenho realmente de trocar de carro urgentemente porque as viagens até Braga estão literalmente a depenar-me, o novo trabalho que me faz estar constantemente alerta, e isto não é forçosamente uma coisa má, mas o facto de ter tido boas notas no primeiro semestre, em vez de me trazer satisfação só me dá tristeza, porque provavelmente vou congelar a matricula no final do segundo semestre e vou ter muita pena. Só não o faço já porque iria deitar fora a massa que já paguei de propinas e como já paguei metade custa-me desperdiçar. Mas custa-me aguentar, custa, custa, bastante.

21.2.12

Patifes!

Chegamos a casa e mandei-os à garagem buscar um cesto de lenha. Foram. Acendi a lareira e comecei o jantar. Mandei-os por a mesa. Puseram. Enquanto eu cozinhava mandei-os lá baixo buscar o correio à caixa. Foram. Sentamo-nos para jantar e enquanto eu os servia começaram a balbuciar qualquer coisa entre eles que eu não percebi, mas quando começaram a rir às gargalhadas perguntei-lhes o que se passava. Começou o grande, ai mãe, nem sabes o que aconteceu, o pequeno continuou, sabes o que eu fiz no elevador? sabes, mãe?, eu não sei, o que foi que fizeste? olha mãe, dei um pu muito malcheiroso dentro do elevador e depois quando chegamos lá baixo, entrou uma senhora. Ai valha-me Deus, disse eu, enquanto eles se riam às gargalhadas, coitadinha da senhora.

23.1.12

Emoção

O grande, mãe! acho que vou ter um ataque cardíaco! O quê?!? perguntei eu, espantada. Sim, o meu coração está a bater muito! E o pequeno, o meu também mãe! Sinto a música a bater. E o grande, eu também, sinto a música a bater aqui no coração! Eu olhava ora para um ora para o outro, primeiro aflita, mas depois a sorrir-lhes. É da emoção rapazes, é da emoção!

(Estavamos no meio da multidão, apertadinhos como sardinhas numa lata, mas adoramos!)

Espetáculo da Abertura Oficial da "Guimarães - Capital Europeia da Cultura 2012" no Largo do Toural, 21.01.2012

8.1.12

Porquê?

Mãe, agora nunca estamos contigo. Porque é que tinhas de ir para a universidade?

(Achei que com duas noites por semana a deixa-los a dormir em casa dos meus pais me safava. Achei mal e tenho de dar a volta a isto no próximo semestre, ou faço menos cadeiras ou simplesmente deixo aquilo. Dói-me demasiado. Não quero ouvir mais o que ouvi hoje. Não quero).

2.11.11

Estudos

Terceiro ano do primeiro ciclo, o pequeno estuda Estudo do Meio. Aborda os monumentos, alguma história da cidade onde vive, no livro que não é o estipulado pela escola mas outro de exercícios que o pai lhe comprou (o pai tem o hábito, bom hábito, diga-se de passagem, de lhes comprar livros de exercícios complementares) e ia desfiando as perguntas em voz alta. Chegou à parte das autoridades, forças de segurança, e a pergunta era esta, ou parecida com esta: Qual é a figura de autoridade na tua freguesia? A resposta dele, muito pronta, sem hesitar: A minha mãe!

30.9.11

Orelhas

Como esta semana ficaram a dormir em casa dos meus pais para eu poder ir às aulas e como ontem não tive, fomos para casa e decidi deixá-los dormir comigo apesar de ser quinta-feira. Combinamos jogar às cartas antes de dormir, duas partidas às orelhas disse eu, que já não havia muito tempo, e já estavam os dois de pijama, dentes escovados e sentados de pernas à chinês em cima da minha cama, quando da minha casa de banho os ouvi a combinar, o grande para o pequeno, se a mãe perder dou-lhe beijos, se perderes tu levas orelhadas, e o pequeno está bem, se for a mãe leva beijinhos mas se fores tu, coooooooçaaaaaaa!