21.3.12

Negação

Quando toda uma teoria científica se baseia num pressuposto que está errado, ela acabará invariavelmente por ser desacreditada. Assim fizeste, com as tuas atitudes e esquemas, venenos e armadilhas, não só desacreditaste tudo o que estava para trás como me fizeste negar tudo o que até aqui eu guardei como bom. Portanto, o que te disse um dia, convencida do homem que tu não és e que hoje acredito que nunca tenhas sido, será impossível de cumprir. Disse-te que nunca seria capaz de te virar as costas se um dia precisasses de mim mas sucede que não posso manter a minha palavra, porque tu simplesmente, deixaste de existir.

11.3.12

Desilusão

Ouvi no outro dia um escritor famoso dizer que a primeira frase do primeiro romance que escreveu foi muito bem pensada. Que pensou, pensou, pensou até que a frase fosse perfeita, pois o objetivo era que prendesse a atenção do leitor. Desilusão. Eu achava que quem escreve o faz porque tem de o fazer, porque lhe vem de dentro, do coração ou das entranhas, ou porque a ideia lhe martela na cabeça até ser libertada através de letras e palavras, simplesmente por necessidade de escrever, como o pintor tem de pintar e o compositor de compor, de materializar o que lhe vai na alma ou de dar vida a demónios e monstros capazes de feitos inconfessáveis, ou de fazer emergir pessoas e vidas não vividas mas imaginadas em turbilhões de imagens mentais, e nunca para agarrar a atenção de alguém ou a pensar se quem lê irá gostar. Sempre achei que o escritor escrevia primeiro para si. Sou mesmo ingénua. E parva.

8.3.12

Finalmente

O trabalho foi entregue e hoje saiu e nota. 18. Devia estar contente, e até estou, só que não estou. Fico a pensar que se tivesse tempo para estudar e para preparar os trabalhos como deve de ser fazia esta merda com uma perna às costas. Mas como o tempo é pouco, os meus filhos pesam-me na alma por estar a roubar-lhes tempo e atenção, o dinheiro não sobra e o meu carro bebe cada vez mais o que significa que tenho realmente de trocar de carro urgentemente porque as viagens até Braga estão literalmente a depenar-me, o novo trabalho que me faz estar constantemente alerta, e isto não é forçosamente uma coisa má, mas o facto de ter tido boas notas no primeiro semestre, em vez de me trazer satisfação só me dá tristeza, porque provavelmente vou congelar a matricula no final do segundo semestre e vou ter muita pena. Só não o faço já porque iria deitar fora a massa que já paguei de propinas e como já paguei metade custa-me desperdiçar. Mas custa-me aguentar, custa, custa, bastante.