29.5.14

Hoje

O desespero com que me apertavas as nádegas, com que me sorvias os seios, a sofreguidão com que me mordias os lábios, a paixão que eu recebia com deleite, e à qual entreguei o corpo mas sobretudo a alma, parecem-me hoje uma grande verdade da minha vida, e ao mesmo tempo e na mesmíssima medida, um grande embuste.

19.5.14

Conversas II

Hoje são os vestidos de uma gala que deu na televisão este fim de semana. Os bonitos, os feios e os ridículos, somo se fossem conhecedoras de moda e estilo.

Valha-me Deus!

16.5.14

Endrominanços

À mesa, durante o jantar, sobre qualquer coisa que um amigo de um deles queria fazer e que a mãe não deixou:

Eu: Sabem, às vezes, as melhores mães não são aquelas que deixam fazer tudo.
Grande: Eu sei mãe, tu já me explicaste.
Pequeno: Mas às vezes as mães não deixam, e depois deixam.
Eu: As que são endrominadas.

Silêncio...

Eu: Vocês acham que me dão a volta facilmente?
Grande: Facilmente não, dificilmente, quase nunca.
Pequeno: Muito poucas vezes.
Eu: Pois fiquem sabendo que as vezes que vocês acham que me deram a volta, não deram, fui eu que mudei de ideias (tentativa desesperada de manter a minha posição sem me desfazer a rir) E ao pai?
Pequeno: Ao pai nunca damos a volta, impossível.

Silêncio...

Eu: E à avó e ao avô, conseguem dar a volta?
(ambos às gargalhadas)
Grande: À avó damos sempre a volta. Sempre.
Pequeno: Ao avô também, quando eu quero alguma coisa ele pergunta: quantos beijos me dás? Eu respondo 200, e começo a dar-lhe beijos mas ele manda-me logo parar, diz que são muitos.

13.5.14

Conversas

Juntam-se 7 mulheres com idades compreendidas entre os trinta e os quarenta e dois anos.

2 delas têm um filho com menos de 2 anos
1 delas está grávida do segundo filho
1 delas não tem filhos e não é casada
1 delas tem um casal, a menina com 7 e o menino com 12
2 delas têm um ou mais filhos com mais de 10 anos e são as únicas divorciadas

De que se fala todo o dia, além de trabalho?

 Fraldas, papas, mamas, partos, sopas, roupa e sapatos de bebé, pediatras, otites e gastroenterites, vacinas, sogras, cunhadas, creches, infantários, educadoras, etc… etc… etc…
Às segundas, também se fala de novelas, ou programas de entretenimento de sábado e domingo à noite.
Muitas vezes também se fala de supermercados, promoções, bacalhau, cabrito, refogados, bolos de chocolate, pudins de ovos.
De vez em quando fala-se de roupa a secar, de marcas de detergentes, de limpezas e arrumações.
Muito raramente discutem-se algumas lojas e marcas de roupa e trocam-se informações sobre os tamanhos de cada marca, sobre a durabilidade das peças e sobre maior ou menor facilidade para fazer trocas.

Nunca se fala cinema, de literatura, de concertos ou qualquer espetáculo que seja, de viagens, de diferentes culturas ou de documentários na televisão.

Quando se fala da empresa é sempre tudo mau, porque nunca trabalharam noutra.

Ainda bem que possuo uma grande capacidade de abstração e desligo o aparelho auditor a maior parte do tempo. Sinto-me uma completa extraterrestre perdida no meio destas pessoas.

 Vale-me uma delas (a outra divorciada) que me compreende e se sente tão perdida como eu no meio das outras.

Confessou-me recentemente que também teve de aprender a desligar porque estava quase a enlouquecer e que agradeceu às alminhas todas eu ter chegado (um ano depois dela).

Comunicamos através de olhares e ficamos absolutamente espantadas com as coisas que (ainda) ouvimos durante o horário de expediente.