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10.1.13

Desejos

Gosto que a minha vida tenha muitos momentos em que estou onde quero estar e a fazer o que quero fazer sabendo que não está ninguém à minha espera.

Gosto de estar deitada no sofá a ler ou a ver um filme e pensar que se houvesse um companheiro me iria aborrecer porque o que me apetece mesmo é estar sozinha.

Gosto de não planear nada e saber que vou fazer só o que me apetecer ou não vou mesmo fazer nada.
Gosto de não sair à noite sabendo que se quisesse sair poderia sair mas prefiro ficar em casa e acender a lareira.

Gosto de esperar pelos meus filhos, de fazer o jantar enquanto espero e de jantarmos os três sem qualquer interferência do mundo exterior.

Gosto de dormir no meio deles e de acordar no meio deles mesmo sabendo que me vai doer o corpo todo porque eles já são grandes e já me apertam durante o sono.
Gosto da sensação cansaço e de dever cumprido quando acabo de limpar a casa, do cheiro a roupa lavada e do frigorífico e da dispensa devidamente abastecidos.

Espero ter saúde e trabalho para continuar a levar a vida assim, sossegadamente, e espero acima de tudo conseguir melhorar aquilo que tem de ser melhorado, e ter força para mudar o que tem de ser mudado.

20.7.11

Turning point

Não sei explicar muito bem mas sinto que estou perto de um qualquer acontecimento que vai mudar o rumo da minha vida. A expectativa de ingressar na universidade fez nascer em mim algo de novo e excitante mas muito abstracto. O exame de Inglês é já esta sexta-feira e começa uma nova fase, depois a candidatura e o nervosismo da espera. Estou convencida que vou entrar, mentiria se dissesse que estou insegura. Sinto que a minha vida vai mudar, a todos os níveis. Não sei porquê, mas sinto.

4.7.11

Tanta coisa

Há tristeza, há saudade, há vazio. Há leveza, há esperança, há alívio. Há disto tudo um pouco, misturado com uma sensação de recomeço. Há uma força nova a despontar, mas há sossego, há paz. Há horizonte, há mar, há terra e há céu. Há, sobretudo, tudo, outra vez.

30.6.11

Hoje é o primeiro dia

Do resto da minha vida.

15.4.11

Homens simples

Os homens que admiro são sempre homens simples. Ao fim destes anos todos chego a esta conclusão sem me importar minimamente com o que esta constatação diz de mim. Consigo enumerar vários exemplos, um é o Berto Gordo de quem já falei, outro é o Eduardo, o marido da minha prima, um tipo que pouco estudou e que começou a trabalhar adolescente numa tecelagem no turno da noite. Durante o dia tinha outro emprego, entregava produtos químicos a várias empresas, andava a tarde toda na carrinha às voltas. Mais tarde, já casado, a tecelagem fechou e a mulher, secretária de direcção (licenciada, tenho de o dizer) num dos hipermercados daqui da terra, arranjou-lhe emprego no talho do tal hipermercado. No outro dia atendeu-me, e fiquei maravilhada com ele. Sempre foi simpático e meigo, mas atendeu-me com tal desenvoltura e confiança que me espantou. Fiquei por perto a vigiar como é que ele atendia as outras pessoas, sim que eu sou prima dele, e a mesma coisa. Um tipo que nunca antes tinha cortado carnes na vida aprendeu a fatiar bifes, a desossar perus e a golpear cabritos com um empenho e brio que me fizeram acreditar ainda mais nesta ideia  que tenho mas que às vezes se esconde nas teias do esquecimento, que um homem, quando quer aprende qualquer ofício e consegue ser bom naquilo que faz, seja lá o que isso for. E se esse homem tiver grandeza de espírito para se agarrar a cortar carnes (ou a cortar madeira, ou a varrer o chão) sem qualquer preconceito, e se for simpático e agradável, torna-se num profissional de primeira. Não me admiraria ver a fotografia dele ao lado do anúncio do funcionário do mês. Há anos atrás toda a gente estranhou a escolha da minha prima, uma rapariga licenciada casar-se com um simplório daqueles? Ela é que a sabe toda, além do físico que ele não é feio, longe disso, ela viu-lhe a meiguice, a simpatia e acima de tudo, viu-lhe o carácter. Fez ela muito bem.

26.9.10

Novo mundo

Se muitas pessoas e acontecimentos nos valem apenas um comentário banal ou um acenar de cabeça inconsciente há outras que nos perturbam de uma forma que nos muda. Se muitas situações são complicadas e confusas há outras que se nos mostram claras como água e o caminho abre-se à nossa frente sem encruzilhadas ou desvios. O verão de 2010 ficará como o verão da mudança, ou melhor, da descoberta. Descobri em mim uma mulher que julgava não existir, descobri que essa mulher pode pouco contra ela própria e no entanto tem perfeita consciência do que faz e de como o faz, e mesmo vendo à sua frente o precipício, resolve dar o passo em frente. Percebi que, mesmo sabendo que o caminho não tinha saída, fui capaz de não travar, fui capaz de avançar, de ir até ao fim. Há agora todo um novo mundo dentro de mim, há toda uma nova percepção da realidade e tudo isto, grande e avassalador é completamente inútil. Nada se pode fazer com tudo isto e aceitei que ficará guardado numa gaveta onde te encerrei. Junto-te agora tudo o que fizeste acordar dentro de mim, junto-te agora tudo o que me fizeste sentir. Guarda nessa gaveta, fecha-a e esconde a chave até que tudo adormeça ou morra, até que as memórias bafientas e cobertas de pó sirvam apenas para serem lembradas, já sem lágrimas e só com sorrisos. Pode ser que um dia, como nos filmes, eu conte esta história e faça alguém sonhar.

6.9.10

Hoje

Faço 35 anos.
Deixo de fumar.

19.8.10

Dores de crescimento

Lembro-me bem quando me deitava e me doía a dobra das pernas, por detrás dos joelhos e não havia posição que acalmasse o raio da dor. A minha mãe dizia-me que eram as dores de crescimento, que era normal. Sei lá se eram, mas doía e não era pouco. Há outras dores, na idade adulta, daquelas que o corpo não sente e essas são sim, as dores de crescimento. E doem muito mais. Doem cá dentro, por dentro, e não há pomada, comprimido ou xarope que as acalme. O único calmante para estas dores é o perceber que não somos os únicos com dores, que há outros como nós e que há sempre quem não nos julgue. Há sempre alguém que nos segure a mão, que nos dê a opinião sem censura que mesmo não sendo igual à nossa nos faz pensar e nos ajuda a aceitar as nossas falhas como parte de nós, e a retirar-lhes a lição para evoluirmos como indivíduos. E quando finalmente percebemos e aceitamos que a vida não é a preto e branco mas pintada de milhares de tons de cinza encontramos alguma paz. Quando finalmente aceitamos a nossa condição de seres feitos de racionalidade mas também de impulsos, que não deixamos de ser bichos muitas vezes guiados por instinto, estamos a crescer.

18.8.10

Guerra

Ontem à noite o pequeno quis dormir em casa dos avós, então fui para casa com o grande e decidimos ver um filme que tinha acabado de começar. Vimos o Tróia, eu pela quarta ou quinta vez, que eu gosto de épicos e de filmes onde há guerras, sangue e honra, e ele pela primeira. Deliciei-me a vê-lo ver o filme. Gostou das batalhas e das espadas, dos guerreiros e das armaduras, dos navios e dos cavalos, mas lindo foi vê-lo a absorver o discurso dos reis e a ler a raiva e a ganância, o discurso dos amantes e a descobrir o adultério, o discurso de Heitor e a interiorizar o carácter, o discurso de Príamo e a perceber o amor. O meu filho percebeu aquilo tudo, percebeu as metáforas todas. Mas não percebeu uma coisa fundamental porque no fim disse-me que o filme foi justo. Foi justo? Sim mãe, o Páris matou o Aquiles porque ele matou o Heitor, que matou o Pátroclo pensando que ele era o Aquiles, e que também também matou Menelau para defender o Páris. Continuou: e o Menelau queria matar o Páris porque ele lhe roubou a mulher, e foi por isso que começou a guerra mas eu sei que o Agamémnon aproveitou a guerra porque queria conquistar Tróia. A guerra foi justa. Na cabeça dele aquilo teve lógica, mas que desgosto! Meu amor, a guerra não foi justa. Meia dúzia de homens decidem a guerra e muitos inocentes morrem, não viste? Não viste quantos soldados morreram? Não viste quantos troianos morreram sem culpa de nada? Sim, tens razão mãe, devem ter morrido milhares de pessoas naquela guerra não é? Pois. Vês? Nenhuma guerra é justa meu amor, nenhuma.

(Também gostei da parte em que o Aquiles salta para a espinha da refém e ele me pergunta: estão a fazer amor, pois estão mãe? Ui... sem preservativo... mas naquela altura não havia preservativos, pois não mãe? Pois não...filho. E no final quando Aquiles vai desvairado à procura da miúda, ele diz: está à procura da mulher dele, não é mãe? Podemos dizer que é a mulher dele, pois podemos mãe? Eles gostam um do outro mãe...)

24.6.10

Dona da casa

Se eu quiser sei ser a perfeita dona de casa. Se eu quiser. Mas não sou, ao invés sou a dona da casa. Sou tudo o que a dona de casa é e sou a dona, sou eu que mando, sou eu que decido, sem prestar contas ou ter de negociar com ninguém. Isto é bom. E por conta disto, meti-me numa aventura que é remodelar a minha casa. Adiei durante meses, faltava-me a energia. Finalmente meti mãos à obra e chamei o homem que vai tratar de tudo. Já cá vieram com ele um carpinteiro, um electricista e um outro que não sei como lhe chamar mas vai tratar das janelas. Estou à espera do orçamento e não aguento de curiosidade. Estou em pulgas e nem o facto de ter de tirar tudo cá de dentro, mudar-me para casa dos meus pais durante uns meses e depois ter de voltar a pôr tudo no sítio me fazem esmorecer o entusiasmo. Engraçado como bastou apenas uma chamada e uma reunião com o homem para que haja outra vez entusiasmo dentro de mim. Isto é bom.

26.1.10

Regresso

Fui buscar os miúdos. O mais novo não quis vir, ficou nos avós. Não me zanguei, claro que não, é normal. Ele não é muito dado a essas mariquices das saudades, o mais velho sente mais. Esse, veio imediatamente, e dado que o irmão não veio já sabia que ia dormir comigo. O bónus de dormir com a mãe só acontece se estiver um só, e estando os dois, em tempos normais, só é permitido uma vez por semana. De resto, cada um na sua cama, que assim é que está bem. Amanhã, levo-o à escola e regresso ao meu sofá. Aos poucos, devagarinho, poderei abandonar o sofá e o repouso, mas por enquanto muita calma. Além disso, como amanhã dormem ambos em casa do pai, vou ao cinema, já decidi. Também mereço. Depois, uma coisa de cada vez, um dia de cada vez.

(Adorei voltar a pegar no meu carro, ai o cheiro do meu carro, ai o ruído do meu carro. A sensação de conduzir depois de um mês é maravilhosa. Já me ocorreu que se um dia tiver de mudar de profissão, muito provavelmente irei tentar uma que implique conduzir.)

2.1.10

Projectos

A partir de hoje permito-me ter projectos. Posso agora tira-los da "gaveta" em que coloquei vários que fui juntando e guardando, aguardando o tempo certo. Alguns são só ideias, outros esboços de ideias, e outros ainda que só falta mesmo por em prática, já está tudo alinhavado. Permito-me a partir de hoje torná-los reais. Não gosto de pensar muito em coisas que sei à partida que não posso concretizar, de certa forma magoa-me, não consigo explicar muito bem, mas é quase uma desilusão. Por isso, guardo em local "seco e fresco" para que não se estraguem, mas longe da vista e da ideia para não me doer. Então, agora que o divórcio é um facto, posso por em prática o projecto nº 1, que vai ser comprar a minha casa, quer dizer, comprar a outra metade. Este é o primeiro e só falta pô-lo em prática. O segundo é uma viagem, que pretendo fazer sozinha, 3 ou 4 dias bastam, para local ainda não definido. Não precisa sequer de ser muito longe. Basta ser longe o suficiente para implicar uma viagem de avião. E uma qualquer cidade europeia serve. Esta é a parte que falta definir, o destino. Depois, viro-me para a minha (agora mesmo minha) casa, e vou pô-la em ordem. Quando digo pôr em ordem, significa virar algumas divisões de pernas para o ar, a começar pela cozinha. Tenho muito que fazer como é evidente. Se não fosse o raio da perna, começava já segunda-feira a tratar de vida. Mas, algo hei-de conseguir por a andar. Veremos.

1.1.10

Esperança

Eu acredito que cada indivíduo tem poder, do qual muitos infelizmente nem sequer suspeitam, para mudar o mundo. Acredito que as pessoas podem mudar pequeninas coisas em si próprias, que mudam também os outros. Acredito que todos podemos trabalhar aquilo que achamos que não está bem dentro de nós. Acredito que todos podemos ter essa consciência, do que não está bem dentro de nós. Nem todos a têm, mas podem ter, se quiserem. Acredito que são as pequenas coisas que fazem a diferença. Acredito que tratar os outros com respeito e educação produz melhor resultados do que a indiferença e a agressividade. Acredito que podemos dizer o que temos a dizer, que podemos e devemos reclamar quando achamos que o devemos fazer, sem recorrer a insultos ou malcriadezas. Acredito que podemos ensinar os nossos filhos a fazer o mesmo. Acredito também que nem sempre se consiga, mas acredito ainda mais que temos o dever de tentar. Sempre, e se conseguirmos aquilo a que nos propomos nem que seja metade das vezes já estamos a vencer. Acredito que com isso, nos sentimos melhor connosco próprios e potenciamos a força para tentar de novo. Acredito que se pensarmos e agirmos assim ao longo da nossa vida teremos melhorado qualquer coisa no mundo. Acredito nisto mesmo quando vemos os outros à nossa volta a fazer o oposto. Acredito em tentar sempre, mesmo quando não resulta. Acredito em deitar a cabeça na almofada e pensar que fiz bem, ou que tentei fazer bem. Acredito em não abandalhar ou aldrabar o que quer que seja mesmo vendo toda a gente a fazê-lo e a dar-se bem. Acredito em ter a consciência leve. Acredito em manter os príncipios que alguns ridicularizam porque dizem que o mundo é dos espertos. Acredito que se cada individuo se esforçar por dar o melhor de si, quer profissionalmente, quer junto da família e daqueles que ama, algo muda para melhor. Acredito que arregaçar as mangas e fazer-se à vida é infinitamente mais gratificante para um indivíduo do que o sonho de alguns dias que deposita no bilhete do Euromilhões. Acredito que as dificuldades que se encontram na vida são o que revela o carácter das pessoas, e que a forma como se lida com elas é o que verdadeiramente as define. Acredito no indivíduo como único meio de melhorar o mundo. É isso que peço para o novo ano, discernimento para ver o que não está bem, e força para continuar a tentar, nem sempre conseguindo, mas sempre tentando.