10.9.10
Caminhos
Saio do escritório e entro no carro. Desço a rua e lá em baixo contorno a rotunda. Podia virar logo à direita e subir, depois virar à esquerda e entrar na circular que contorna a cidade e chegaria ao meu destino em 5 minutos. Mas contorno a rotunda e só saio na próxima e vou em direcção ao centro da cidade. O semáforo calha sempre em vermelho, sempre. Espero, gosto de ver as pessoas. Gosto do tempo que perco, não perco porque este tempo não é perdido, gosto de percorrer as ruas do centro, gosto de observar por entre o trânsito lento os avós que trazem os meninos pela mão, as mulheres em passo rápido com os sacos do super-mercado quase a rebentar. Delicio-me com as pessoas que correm para entrar nos autocarros, ansiosas por chegar a casa. Avanço lentamente e ouço a rua. O movimento das pessoas na rua, as compras rápidas antes do jantar, ou o café ou a cerveja descontraída na esplanada. No Inverno é parecido, há sempre gente na rua ao final do dia, há sempre mulheres e homens apressados e há sempre mulheres e homens descontraídos. Há idosos com crianças pela mão. E há trânsito. Às vezes há chuva também. Há, sobretudo vida, várias vidas, muitas vidas que se cruzam diariamente, incognitamente. Não dispenso esta passagem breve pela vida de outras pessoas. Podia contornar tudo isto, mas escolho não o fazer, escolho fazer com que todas estas pessoas que não conheço façam parte da minha vida.
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2 comentários:
Tenho esse mesmo fascínio. Adoro dirigir por aí observando a vida e pensando na vida. Acalma-me mais que uma caixa de um comprimido qualquer.
Exactamente. Ao fim do dia, este percurso traz-me a calma necessária ao regresso a casa, para os meus filhos, para o meu ninho.
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