Mostrar mensagens com a etiqueta sombras. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta sombras. Mostrar todas as mensagens

23.10.14

Sinais

Ouço o mesmo disco no carro desde que regressei de férias, quase há dois meses portanto, mas em casa apetece-me ouvir a "Absolute beginners" do David Bowie. No outro dia lembrei-me de Dave Mathews Band e do que eu gostava da "Don't drink the water". Ando a ouvir música que me faz lembrar estados de alma antigos, negros, pútridos. Hoje senti um vontade incontrolável de ouvir "Sour times" dos Portishead. Cedo à atração pelo abismo, não consigo deixar de ouvir, de sentir prazer em recordar toda a porcaria que sentia, que era má mas boa, e boa mas má e que me estraçalhou. Não sei o que será, mas nada de bom poderá sair daqui.

6.6.14

Random

Esta noite fui acordada por uma dor de cabeça brutal. Não foi a primeira vez. Acho estas dores de cabeça estranhas, não consigo associa-las a nenhuma causa em particular. São completamente aleatórias. Não gosto.

8.3.12

Finalmente

O trabalho foi entregue e hoje saiu e nota. 18. Devia estar contente, e até estou, só que não estou. Fico a pensar que se tivesse tempo para estudar e para preparar os trabalhos como deve de ser fazia esta merda com uma perna às costas. Mas como o tempo é pouco, os meus filhos pesam-me na alma por estar a roubar-lhes tempo e atenção, o dinheiro não sobra e o meu carro bebe cada vez mais o que significa que tenho realmente de trocar de carro urgentemente porque as viagens até Braga estão literalmente a depenar-me, o novo trabalho que me faz estar constantemente alerta, e isto não é forçosamente uma coisa má, mas o facto de ter tido boas notas no primeiro semestre, em vez de me trazer satisfação só me dá tristeza, porque provavelmente vou congelar a matricula no final do segundo semestre e vou ter muita pena. Só não o faço já porque iria deitar fora a massa que já paguei de propinas e como já paguei metade custa-me desperdiçar. Mas custa-me aguentar, custa, custa, bastante.

12.10.11

Precipício

E aos trinta e seis anos volto a sentir-me insegura e acagaçada. Recordo como é constatar a ignorância e abrir involuntariamente as portas ao medo. Saio, ao fim de muitos anos, da minha zona de conforto e tenho de respirar fundo para não sucumbir ao pânico. Trinta e seis e mais parece que tenho dezasseis. Não gosto.

13.9.11

Ausência

À excepção dos meus filhos e de tudo o que a eles diz respeito os meus interesses resumem-se a praticamente nada, faço o que tem de ser feito para garantir o bom funcionamento da casa e à noite vejo televisão. Vejo sempre algo que não envolva esforço mental. Recuso simplesmente telejornais e debates. Vejo animais e máquinas ou polícias e agentes secretos em perseguições de automóveis e tiros e explosões. Ocasionalmente um filme, mas com filmes costumo adormecer. Vidinha interessante que eu tenho.

23.8.11

18.7.11

Hoje é o aniversário dele e tenho um nó na garganta porque apetece-me muito agarrar no telemóvel e mandar um "parabéns" mas depois penso que poderá ser interpretado como uma tentativa de aproximação. Dói-me imaginar que ele possa pensar que nem sequer me lembrei, por não me ter manifestado, mas depois penso que pior será o resultado de uma acção decorrente da tentativa de minimizar esta dor. Sinto, dói-me, desfaço-me em dúvidas e hesitações mas depois penso, penso, penso. Apetecia-me tanto abraçar o meu amor hoje, é o seu aniversário, mas depois... depois, penso.








...







E choro.

14.6.11

Distância

Tenho saudades de gostar disto, tenho saudades de gostar de tanta coisa, tens saudades minhas, perguntou-me, tenho saudades de me entusiasmar contigo, respondi-lhe. Estou cada vez mais longe de mim.

6.6.11

Diminuir

Se a mulher que eu era há um ano atrás e a mulher que sou hoje se encontrassem e se sentassem calmamente para tentar conversar teriam bastante dificuldade em encontrar pontos em comum, naquilo que interessa pelo menos, que é o carácter. Nunca poderiam ser amigas, acho até que dando-lhes tempo suficiente, iriam acabar por detestar-se.

Stand here and wait

10.5.11

Don't dream it's over

Há dias em que o sonho me abandona e na rua, vejo-me nos olhares vazios e ausentes. Olho as pessoas que passam e vejo-me nelas, passam apenas, na rua e na vida. Há dias em que penso que ultrapassei a minha cota, que já não me é permitido mais e resta-me ficar a ver a vida, amar e educar os meus filhos o melhor que sei e posso e agarrar umas pontas de qualquer coisa aqui e ali. Há dias em que o sonho me abandona, foge-me a sete pés e deixa-me assim, oca.

4.5.11

Surpresa

És a amante perfeita, não esperas, não exiges, não reclamas. Estás disponível, és leal e verdadeira. Aguardas secretamente pelo momento em que te desiludes e consegues finalmente acabar com tudo. Sabes perfeitamente que tens de o fazer só que não és capaz. Não acalentas falsas esperanças, mas sabes bem o que queres. Um belo dia ouves uma frase que te destrói. Essa frase retirada do contexto poderia ser a tua fagulha de esperança, a tua arma secreta, a tua luz ao fundo do túnel. Essa frase no contexto é a desgraça, é a clareza, é a ruína. Tudo o que foi, sempre soubeste que era para nada. Mas ser para nada é diferente de ser por nada. O que percebeste depois é que foi por nada. Por nada. E apesar de não ter sido intencional, foi deveras surpreendente.

21.4.11

Não

Angústia. O peito apertado e o inevitável nó na garganta. E achavas que estavas a chegar ao fim? Tola.

29.3.11

Waste

É a segunda vez que sou deitada fora, ao lixo. Como um objecto que não tem utilidade, que não serve para nada e que ocupa um lugar que não possui pois esse lugar pertence a outro. Então resta só livrar-se desse objecto. Da primeira vez, esse espaço era dele, apenas dele e do seu ego. Eu, de nada servia, e o meu amor foi comigo para o caixote do lixo. Agora, o espaço é dela, e ele, não se desfaz dela, porque ela está lá há mais tempo, mas o meu amor não vai para o lixo, ao invés é cuidadosamente colocado na recliclagem e periodicamente é aproveitado, mas nunca todo, só uma parte, a que interessa, a melhor, a mais refinada. Ainda assim, não passo de desperdício, não importam os detalhes, não importam as razões nem os motivos, o desperdício sou eu.

14.3.11

Retenção

Enquanto estive a viver em casa dos meus pais experimentei um sentimento que não posso descrever como ciúme porque não sei se é ciúme. Foi a primeira vez que senti e acho que nunca tinha sentido ciúme antes. Chateava-me ter de partilhar constantemente os meus filhos, nunca estavam só comigo, havia sempre mais alguém. Nem à noite, ao deitar eu sossegava porque se eu estava com um deles, a minha mãe estava com o outro. Isto tudo misturado com o sentimento de gratidão e um profundo amor que sinto pelos meus pais causou-me bastante mau estar. Como posso eu ser assim quando se aqui estou é porque assim o quis e quando tenho todo o apoio dos meus pais e toda a generosidade e sacrifício da minha mãe, todo a segurança trazida pelo meu pai, como posso ser eu assim? Verbalizo pela primeira vez este meu podre, pois consegui encontrar ainda um outro. Agora que estou já em minha casa, com os meus filhos dou comigo a fazer retenção. Dou comigo a passar o fim-de-semana com eles sem vontade nenhuma de participar nos almoços de domingo. Não fui. Passei o dia com eles e eles foram só meus. Só para mim. À noite, pesou-me a consciência e telefonei aos meus pais, os miúdos falaram com eles e eu também. Verifiquei que o ciúme deu origem a outro podre. Sou um cesto de maçãs. A primeira já deu cabo da segunda e se não me livro delas rapidamente apodrecem todas. Mau, muito mau.

19.1.11

Lastro

Às vezes penso nas pessoas a quem perdi o rasto ao longo da vida. E tenho pena de as ter perdido pelo caminho. Hoje pensei em algumas pessoas com as quais não tenho contacto e que até nem me importaria de o ter mantido. Não é bem a mesma coisa, há pessoas que nos fazem bem, que puxam por nós enquanto indivíduos e que nos trazem naturalmente coisas boas, ou porque são boas ou porque fazem vir ao de cima coisas boas em nós e não é dessas que falo, falo das outras, daquelas que não são propriamente aquelas com quem mais nos identificamos mas cuja companhia é agradável e com quem o convívio é positivo. Mas, nesta fase da minha vida conviver com essas pessoas requereria um esforço da minha parte, a ligação que havia deixou de existir e apesar de ser possível retomar a relação que me unia a essas pessoas, ela não é natural. A gestão do meu tempo é já bastante complicada, já não me chega para tudo e as tentativas de aproximação da minha parte seriam motivo de preocupação e stress para mim. Não posso ter mais coisas que me preocupem, que me suguem energia, que me desgastem, simplesmente não aguento. E assim vou perdendo pessoas na minha vida, e mesmo não sendo as pessoas mais importantes acho que é triste. A nossa capacidade de mantermos na nossa vida aqueles de quem gostamos diz muito sobre nós. Neste momento não tenho energia para investir em relações de amizade. Não cultivo novas amizades, vou mantendo as que tenho, felizmente são de betão. E chego à conclusão que não tenho nada para dar. Não tenho amizade, não tenho tempo, não tenho disponibilidade. Estou fechada sobre mim própria, sobre a minha família e o meus poucos amigos. Sou um ovo, o meu mundo é cá dentro confinado ao que sou, ao que conheço e ao que está muito perto, e sem vontade nenhuma de partir este ovo. Que tristeza.

14.1.11

Puta

Há dias em que tenho a certeza de que preferia prostituir-me do que ter este trabalho. Ao menos vendia o corpo. Aqui, há dias em que vendo a alma. Nojo.

8.1.11

Raio-X

Retirei o contador, olho para ele e em vez de ver algo destinado a incentivar a continuidade de uma batalha, que contas feitas, se é que se podem fazer, atravesso incólume, nem uma flecha cravada num braço, nem um arranhão na testa, vejo as lanças voarem na minha direcção mas passo-lhes ao lado, estaco diante das espadas erguidas mas depois corro, muito, mesmo muito, tem sido assim, parece que ninguém dá por mim, parece que os guerreiros se concentram em abater os mais fortes e querem lá saber dos mais fracos porque esses, esses não representam perigo, agora olho e vejo um anúncio, como se dissesse olhem para mim que já não fumo há quatro meses e vejam bem o que eu fiz, e sou a maior porque estou a conseguir onde a maioria falha. É isto que vejo. Vejo vaidade, e a vaidade é coisa que abomino. A minha, principalmente.

15.11.10

Aviso

Temporariamente fora de serviço.

Até breve.

Espero.