"Ai que este gajo é tão bicha, parece impossível, a voz claramente forçada para obter um tom doce que é preciso ser muito inocente para não perceber a trafulhice, as pausas dramáticas no discurso que a mim só causam nervos, mas que toda a gente parece estar a gostar, ai que esta merda nunca mais acaba e eu ainda tenho de comprar o pão para o almoço em casa dos meus pais, ai que raio de gajo bicha foram desencantar para por aqui, e depois do almoço mando mensagem ao P. para saber se está livre, apetece-me estar com ele, e estas gajas vêm para aqui armadas em boas e não têm onde cair mortas que eu bem as conheço de outros carnavais, e francamente esta bicha é um escândalo e aposto que desfila lá em casa com as cenas que veste aqui, e podias despachar-te não que eu não tenho a tua vida, nunca mais cá venho podes crer, e será que os meus tios vão aparecer depois do almoço e despacho logo o assunto ou vou ter de passar em casa deles depois do jantar, ai porra! que este gajo é tão óbvio com esta vozinha de mel e só deve mesmo enganar as velhinhas, e na próxima semana o puto tem testes e vai ser uma canseira, e amanhã vou ter um dia de cão no trabalho, e daqui a nada ponho-me a andar que a malta vai começar a ligar-me porque não tem pão para o almoço e eu aqui não posso atender o telefone e ainda me entram todos em pânico, mas o que é que aconteceu à rapariga, e esta bicha é tão bicha, mas tão bicha que até mete impressão, e foda-se! ainda bem que já está a acabar."
Tudo coisas que me passaram pela cabeça durante a missa a que resolvi ir.
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