Apetece-me fugir. Tive aqui há tempos um projecto que me sugou até ao tutano. Foi um cliente enorme que nos veio cair no colo (isto soa um nadinha mal, mas...) e foi o cabo dos trabalhos. Uma cadeia de lojas gigantesca compra cerca de 100.000.000 (sim, cem milhões) de peças por ano incluindo vesturário, calçado, acessórios e produtos de cosmética. O objectivo da empresa onde trabalho era na altura conseguir entre 5 a 10% da produção de vestuário deste cliente. Bem bom. Trabalhamos como mulas, eu e mais 3 colegas neste projecto e fizemos uma primeira estação muito boa, foi até uma estação do caralho, suámos as estopinhas mas as putas das encomendas confirmaram-se e entregaram-se. Não fosse o caso de tudo o que se produziu ter sido na Ásia, que tem diferenças horárias que nos fizeram trabalhar muitas noitinhas, e não fossem as compradoras do cliente tão burrinhas que nos obrigaram a trabalhar como se estivessemos a lidar com deficientes mentais, acho que até teria sido mais fácil pois pelo menos não teriam a puta da mania que são finos o que já é mais de meio caminho andado, e a coisa teria sido um sucesso total. Assim só foi sucesso para o boss, que se fartou de ganhar dinheiro e as mouras a dar o corpinho ao manifesto e a cabeça à porrada. Depois veio a crise mundial, o colapso dos mercados financeiros, a queda a pique do dólar estavamos nós já a meio da segunda estação. Foi o fim da macacada, obviamente. Lá foram à vidinha deles, receberam as mercadorias e nunca mais ninguém os viu, não sem antes terem tentado anular encomendas por causa da crise mundial. A puta da crise mundial foi desculpa para alguns procedimentos nada éticos da parte deles, mas conseguimos travar a maioria. E apetece-me fugir porquê? Porque este queridíssimo cliente voltou. O dólar arrebita cachimbo e lá vêm eles outra vez. Estão à rasca, além disso. Precisam de um determinado tipo de mercadoria que não conseguem nem fazer bem, nem rápidamente, e de quem se lembram eles? Pois. Dos portugueses, que até têm escritórios de sourcing na Ásia e têm gajas portuguesas a supervisionar e a servir de único contacto o que dá um bocadinho de jeito, convenhamos. De maneiras que, dada a sofreguidão com que eles querem trabalhar connosco, não me admira nada que o boss, apesar de já ter avisado toda a gente que o ritmo desta vez terá de ser completamente diferente, e que as maratonas de trabalho pela noite dentro estão fora de questão, quando começar a ver os números nas encomendas embarque outra vez na paranóia. Só tenho de dizer uma coisinha, este projecto valeu-me a mim e à minha colega uma viagem à Tailândia, com direito a uma semana de trabalho exaustivo nos nossos escritórios de Bangkok, a sede do sourcing na Ásia, e o fim-de-semana em casa da sócia do boss em Puhket, pronto, um sonho. Só me apetece fugir, se a coisa começar a ficar insuportável, vou ver as fotos daquele fim de semana. Fica já aqui uma, só para me acalmar um bocadinho.
Ok, outra que ainda estou um bocado alterada.
E a última, só para ficar bem disposta
Ah, estou muito melhor!
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