14.6.10

Inevitável

Eu, pelo menos, não o consigo evitar. Há aquele momento que chega sorrateiro, aqueles segundos em que penso que estou exactamente onde quero estar e com quem quero estar. São segundos apenas, em que avalio o contexto e peso o que sinto. Mas também é verdade que imagino aquele lugar e como seria estar na companhia não de um grupo de amigos muito chegados, mas na companhia de uma pessoa. Uma pessoa que não existe. Acho que seria bom. Mas seria assim tão bom? Seriam as gargalhadas tão fáceis? Seriam os dias e as noites tão divertidos? Seria o silêncio tão confortável? Seriam as vontades tão respeitadas? Não, acho que não. Estas coisas são boas quando se está com alguém com quem se tem intimidade. E isso eu tenho com os meus amigos. São eles que apreciam as mesmas merdas que eu, são eles que, como eu, esquecem o relógio à chegada, são eles que me fazem rir até doer a barriga, são eles que me deixam dormir quando me apetece, são eles que ficam a dormir e eu vou passear sozinha, são eles que me levam àquele estado em que absolutamente nada me preocupa e me esqueço do mundo. São eles. Um qualquer gajo que eu levasse comigo para umas mini-férias serviria para acalmar os desejos que o calor e o Sol me acordam nas entranhas mas, e o resto? Não, está bem assim, obrigada.

6 comentários:

Isa disse...

São intimidades diferentes, acho, ambas imprescidíveis ( disto tenho a certeza) uma não substitui a outra, de forma nenhuma.

Os amigos são o nosso espaço, a nossa identificação a tantos e tantos níveis, todos os que temos acrescentam-nos, completam-nos.

Com uma pessoa só, divide-se.A partilha dessa intimidade é mesmo isso, tão íntima que a torna divisível por uma única pessoa.

Isto sou eu a dizer, claro.

jacklyn disse...

E dizes bem. Concordo com a ideia, acontece que não tenho essa intimidade, essa de dividir com uma só pessoa, com ninguém. E pesando a coisa bem pesada, o prato dos amigos pesa muito mais do que o prato de um eventual gajo que nem sei se gosta das mesmas coisas que eu, se aprecia a mesma comida que eu, se respeita o meu ritmo ou se me quer impôr o dele, etc... Porque apesar de haver pessoas capazes de passar fins-de-semana ou até férias com pessoas que não conhecem bem, eu não sou capaz. Ter alguém com quem ir para a cama não é mais importante do que o resto do tempo, aquele tempo bem saboreado com conversa, diversão, enfim, sabes, aquelas coisas, as intimidades ;-)

Isa disse...

:))

Se bem que com os amigos também não passemos tanto tempo como com um companheiro, porque às tantas correrimos os mesmos riscos da rotina e etc.

A questão é que não temos que gostar das mesma coisas, numa ou noutra relação, tem é que se respeitar e aceitar o que o outro gosta e acompanhar. Só. Nós é que tendemos a viver em função de alguém, uma vez descoberto o alguém na maioria das vezes a coisa corre mal exactamente pelo excesso de concessão. O retorno nunca é igual e aquilo é mesmo em excesso porque somos gajas.

E nesse rol de exessos cometemos muitas vezes um, que é crasso, afastamo-nos os nossos amigos.

Big mistake, mas é claro que o partenair agradece.



(Palavra d'honra que não do que estão à espera pra me contrarem assim pra um lugar de destaque ou pra um programa na tv ou assim...):p

jacklyn disse...

Evidentemente que não temos de gostar das mesmas coisas, contudo é fundamental que se respeite o outro. E é dessa merda que tenho medo, porque se não conheces bem a pessoa que ali está, e te sai um camelo que não curte nada do que tu curtes mas em vez de alinhar e chegar a acordo só quer fazer o que ele quer dá-me logo vontade de esbofetear a criatura. O meu grande problema há-de ser esse, eu exijo que respeitem o meu espaço, os meus gostos e as vontades, assim como dou espaço e respeito os gostos e as vontades dos outros. E isto pode ser interpretado como "esquisita do caralho" e/ou "a gaja está-se bem a cagar para mim". Vai daí que prefiro não correr o risco de estragar um fim-de-semana prolongado num sítio maravilhoso com alguém que me ponha mal disposta. Vou pelo seguro, vou com os amigos.

jacklyn disse...

E anda tudo a dormir sim senhora. Já te chamavam para um "pugrama" de jeito não? Eu apoio, sou fã!!!

Isa disse...

:D

A avaliar pelos erros ortográficos que dou, só pode ser mesmo pra um
"pugrama".