12.2.10

Waste

Ia há pouco na rua e observava duas mulheres que caminhavam alguns metros à minha frente. Pararam em todas as montras de lojas de roupas. Até que acabei por alcançá-las visto que não parei. Fiquei a pensar. Este Inverno comprei 3 peças de roupa para mim. E só porque o meu trabalho me permite adquirir artigos às fábricas que os produzem a preço quase de custo. Comprei 3 peças de cachemira, que me custaram cerca de 35 dólares, envio incluído. Não comprei sapatos nem botas, nada de calças ou camisolas. Ah, comprei o vestido que deveria ter usado na passagem de ano e que ficou no armário pelo motivo que já expliquei. Não vejo qualquer utilidade em comprar coisas das quais não se precise, em quantidades maciças. Conheço pessoas que compram roupa ou calçado todas as semanas. Ou todos os meses. Não percebo. Nem sequer conseguem usar tudo, só se mudassem de roupa três vezes por dia e mesmo assim duvido. Mas tudo bem, que se queira comprar porque se pode, porque aquele dinheiro não faz falta, até aceito. O que não compreendo por mais que me esforce é porque que caralho se compra roupa ou sapatos para depois ter de contar os trocos do fundo da bolsa quando é preciso leite ou iogurtes, ou arroz ou fruta para alimentar os filhos. Essa merda é que me baralha toda. Eu não sou capaz de gastar dinheiro em coisas de que não preciso, muito menos quando tenho outras coisas muitíssimo mais importantas a fazer, tipo comprar a outra metade da minha casa, é uma questão de definir prioridades. Depois pretendo ainda fazer uma viagem que será adequada ao orçamento que me restar. Mas isto, não são coisas essenciais, podemos até chamar-lhes supérfluas se quisermos. Agora a alimentação, e o conforto, que também é importante, da família colocados em risco, ou diminuidos por causa de ter mais uns casaco ou mais uns pares de botas? Conheço gente deste calibre, infelizmente. E é gente que não vive de salário mínimo, é gente com rendimento bem acima da média, mas que só se preocupa com ostentar. Importa é fazer passar a ideia de que têm, não importa nada se dentro de portas as crianças passam frio porque a conta do aquecimento é alta, não importa se as crianças não têm o que comer excepto pão com manteiga e massa com massa ou arroz com arroz, porque a partir de determinada altura do mês já não se vai ao supermercado comprar carne nem peixe nem fruta. Mas as gordas prestações para a moradia com piscina e para o carro de alta cilindrada não podem falhar, isso não, seria a desgraça. E roupinha nova com fartura também é fundamental. Pois... ele não estica, ele esbanja-se.

2 comentários:

Bípede Falante disse...

Coisa que aprendi depois de desperdiçar o que não deveria:
Nunca entrar em uma loja porque ela está em liquidação!

Isa disse...

São pessoas que não sabem quem são, Jackyn ... só isso.
("Só", disse ela?):p
E que infelizmente são cada vez mais aos molhos.Vivem do "estatuto" que não têm e mesmo que o tivessem, não sabem que não é ele que os FAZ.