Hoje tive de explicar a uma amiga minha como é que faço a "gestão" de determinada parte da minha vida. Até aí não tinha dispensado muito tempo a pensar nisso, foi sempre uma questão de vontade e algum bom senso. A conversa começou mais ou menos assim: Como é que tu consegues ir para a cama com os gajos sem te envolveres? Sim, porque tu não te envolves, tu comes os gajos mas não lhes ligas nenhuma, é como se nada fosse. Como é que tu fazes isso? Tive(mos) um ataque de riso, até chorei. Este comentário, vindo de outra pessoa qualquer, poderia ser considerado um bocadinho insultuoso, se dirigido a outra pessoa qualquer. Sendo que nem a minha amiga nem eu achamos mal ir para a cama com um homem sem haver uma ligação afectiva, esta questão é perfeitamente normal. Ela tinha curiosidade, apenas porque ela própria está convecida que não é capaz de o fazer. Ora, ao conversar com ela, fui colando peças, que junto agora à análise que fui fazendo aos homens que me levaram e que eu levei para a cama. Acima de tudo, cada um deles me ensinou algo sobre mim própria, que é o mais importante obviamente. É verdade que depois de um casamento de 12 anos com o homem que foi o primeiro e único até ao fim, o sexo era para mim uma barreira algo imponente. Custou-me ultrapassá-la, mas consegui. E desde aí, tenho aprendido algumas coisas:
1. Foi passar a barreira, mais para me testar a mim do que outra coisa qualquer. Correu bem, não custou nada, mas sem qualquer interesse posterior.
2. Aprendi que o gajo dar-me mais pica a mim do que eu a ele não é lá grande coisa. Jogar sempre em igualdade de circunstâncias. A repetir se e só se eu sentir que lhe dou tanta pica como ele a mim. Ele que se decida. A ver.
3. Aprendi que a impressão inicial sobre alguém pode ser completamente errada. A sabedoria é muitíssimo mais importante do que o tamanho. Um fulano de estatura franzina e aparentemente frágil que depois se revela um mágico na cama. Ficou tudo em aberto e tem muito interesse, mas o facto dele não ser cá da terra não é lá muito prático.
4. Aprendi que é possível ter um parceiro sexual altamente satisfatório sem haver qualquer outro ponto em comum. Só nos entendemos bem mesmo na cama, de resto... não temos mais nada em comum. E tudo bem.
5. Aprendi que sou capaz de engatar, manipular e levar um gajo para a cama. E sou capaz também de manter o interesse dele aceso depois, e levá-lo para a cama as vezes que eu quiser.
E com o 4 e o 5 aprendi que não me faz confusão nenhuma manter dois parceiros simultaneamente. Cada um no seu género, ambos igualmente bons. Às vezes apetece-me um, outras vezes apetece-me o outro.
Com todos percebi que a intimidade é puramente espiritual, que o corpo e o sexo são apenas a natureza a seguir o seu curso. Dos que ainda mantenho contacto, com alguns consigo conversar, outros nem por isso, e tendo tido sexo com estes homens, não tenho, nem pretendo ter intimidade com nenhum deles. O facto de com eles partilhar a cama não significa que tenha de partilhar mais o que quer que seja, ao ponto de nenhum dos meus amigos sequer os conhecerem, apesar de algumas pessoas saberem da existência deles. É assim que os quero, não pretendo com nenhum deles ir jantar, ou ir ao cinema ou essas coisas, o que não quer dizer que não o possa vir a fazer, talvez um dia calhe que estejamos os dois com fome e nem um nem outro tenhamos outras coisas para fazer, até pode ser. Já ir beber um copo não me importo, é diferente. Agora, não há cá confianças nem misturas, só sexo. E está muito bem assim.
7 comentários:
Jacklyn, as mulheres acabam sendo tão machistas quanto os homens. Ontem, li no site do Terráqueo, um post em que ele falava sobre uma moça que não "dava" no primeiro encontro porque tinha medo que então não rolasse o próximo. Um homem abriria mão de sexo por esse tipo de receio. Eu sou casada há bastante tempo. Estou fora do mercado *risos*, mas nunca fui puritana e nem sempre o melhor sexo que tive foi com um namorado por quem eu estava apaixonada. Você está certíssima. Gosto muito do seu senso de justiça consigo mesma e com o seu corpo. Parabéns!!!
Querida Bípede, não sei se é senso de justiça. O que sei é o que sinto, e ajo de acordo com isso.
Respeito a postura e lendo assim com tudo tão bem explicado até parece fácil e faz sentido.
Mas para mim sexo sem intimidade é uma impossibilidade,vai-se a ver é porque também estou "fora de mercado" há uma porção de anos. No entanto quando penso nisso(porque penso) e me tento por fora do contexto em que vivo, continuo e achar difícil.
Post corajoso. Parabéns!
Isa, não acho que seja uma questão de estar fora ou dentro do mercado. Acho que são maneiras de ser e de sentir diferentes, só isso. Eu estou a aprender muito sobre mim própria, a este e a outros níveis. O que tento é ser verdadeira comigo, assumo o que sou e o que sinto porque, também aprendi que, só assim me sinto bem.
Jackyn,
E fazes tu muito bem, o importante e sermos honestos connosco e assumirmos em pleno o que somos e sentimos!
Agora, é claro que o facto de se estar casado ( pá, fora de mercado é uma força de expressão e até nem se ajusta à realidade que eu cá estou sempre no mercado e não me refiro ao das frutas e por aí)mas estar-se numa relação onde se assume a coisa do compromisso, nos restringe um bocado de podermos visionar as coisas dessa maneira, não é? porque senão não era um compromisso.
E essas coisas quando se assumem ou se cumprem ou então cai-nos o carmo e a trindade em cima, já para não falarmos dos sentimentos de culpa e etc.
De qualquer modo, reitero que admiro a tua postura assim como reitero a minha.
O que não significa que amanhã a minha seja diferente ... ou não.
É como dizes, tudo é uma questão de aprendizagem e eu só posso falar do que conheço até hoje, sendo que isso passa pela minha condição de pessoa "compromissada".
Beijos
( a tua verificação de palavras é "calou" LOL) já me calei!
Querida Isa,
Eu concordo plenamente contigo, quando estamos numa relação, e eu já estive, estamos ou eu pelo menos estava, de outra maneira completamente diferente desta. Acontece que a minha vida mudou, e eu também mudei, e vou aprendendo. Gosto tanto de "falar" contigo. Tu não te cales pelamordedeus! E a verificação de palavras já vai ver o que é bom p'ra tosse, vais ver...
Ó mulher, calo-me lá agora! "falaremos" até que os dedos nos doam.
O feeling é mútuo, tanquiú veri match!
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