12.9.09

Puzzle (parte 3) Identidade

Agora a parte que não tem nada de óbvio, pelo menos para mim. Há um expressão em inglês que vou utilizar aqui, porque é perfeita. "To draw the line" mas onde? Qual é o ponto onde ser tolerante choca com a nossa identidade? Deveremos ser tão completamente tolerantes que deveremos gostar de toda a gente, ou não detestar toda a gente? Terei de aceitar "TODAS" as diferenças? Mesmo as que me revoltam e me dão a volta às tripas? Não serei desta forma uma imbecil que não gosta nem desgosta de nada nem ninguém? Até que ponto posso gostar e detestar com convicção sem deixar de ser tolerante? Sempre admirei gente com convicções, com paixões, com garra. Nunca os vi como intolerantes, não tem nada a ver. E aqueles que não sabem se gostam ou se não gostam, que não se entusiasmam com nada, nunca tiveram para mim qualquer interesse, não têm identidade porque não se identificam com nada. Onde é que está o limite? Where do I draw the line? Onde acaba a identidade e começa a tolerância? E como identifico a intolerância? O que me fez "acordar" foi a fúria. Poderá o indicador ser a fúria? A fúria leva à violência. Quando me sentir invadida pela fúria, quando tiver vontade de agredir devo considerar que é aqui que começa a minha intolerância? É neste ponto que recionalizo e controlo a fúria? Isso é fácil, mas e depois, já sou tolerante? Só porque não agrido sou tolerante? Nada disso. Eu acho que agredir é muito mau, contudo ter vontade de agredir é também muito mau. E eu tenho essa vontade, controlo-a facilmente, isso consegue-se com treino, é possível trabalhar o controlo da fúria. Contudo o que acho que nunca conseguirei mudar é a forma instintiva como a sinto crescer dentro de mim quando me deparo com determinadas situações. Dispara automaticamente e isso penso que nunca conseguirei controlar. Isto leva-me então a pensar que não se trata de manifestação de fúria, mas sim da existência dela dentro de mim ou não. Neste caso, será a tolerância uma coisa instintiva? Se eu aceito pacificamente sou tolerante, mas se eu tenho de controlar a raiva já não sou tolerante? Ou a tolerância é uma coisa que se trabalha, assim como o controlo da fúria? Ou vem-nos de dentro instintivamente? Se verbalizo a raiva não sou tolerante, se a controlo sou tolerante. Eu sou os meus instintos e também sou o meu conhecimento que me permite controlar os meus instintos. Tudo misturado. A identidade é a proporção. Essa proporção vai mudando ao longo do tempo, menos de instinto e mais de conhecimento ou menos de conhecimento e mais de instinto. Where do I draw the line?

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