8.9.09

Transparência

A minha amiga, sendo tão diferente de mim tem a capacidade, por isso mesmo, de me analizar friamente. Disse-me este fim de semana que eu arquivo. "Tu arquivas muito" repetiu ela. Estavamos a discutir o efeito "boomerang", que tudo o que fazemos de mal acaba por cair-nos na cabeça. Acaba por nos ser devolvido, e de haver pessoas que têm a tendência para pensar que isso só acontece porque alguém lhes deseja mal. Do ponto de vista dela, essas pessoas sentem-se mal com algo que fizeram. A consciência pesa-lhes por qualquer motivo e quando têm contrariedades na vida, automaticamente vão buscar essa "pedra no sapato" e relacionam-na ao acontecimento infeliz. Eu disse-lhe que isso não me acontecia. Expliquei-lhe que nunca tinha atribuido as coisas más que me aconteceram a ninguém. Não me considero nenhuma santa, já fiz merda e já pedi desculpa por isso. Ainda faço merda, claro que faço, e peço desculpa. (Apesar de achar que pedirmos desculpa serve basicamente para nos sentirmos melhor, mas isso é outra história). Contudo não fazia essa tal ligação das coisas más a ninguém. "Isso é porque assumes as tuas responsabilidades" respondeu-me. Olhei-a sem atingir a coisa. "Tu assumes aquilo que fazes, bom ou mau. Assumes a respondabilidade dos teus actos. Assim como não responsabilizas ninguém pelas coisas más, atribuis os erros a ti própria, também não deixas por mãos alheias a tua felicidade e fazes o que tens a fazer. Depois, estando tudo resolvido arquivas. Não cismas. Está resolvido, arquivas" E eu tive a sensação de ser completamente transparente. Ela vê através de mim.

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