28.1.10

Perdido

Vi um homem perdido. Perdido entre mulheres, todas as da sua vida. Perdido na sua vida, numa espiral de fumo de cigarros tão difícil de agarrar quanto a farsa que lhe tomou o lugar. As mulheres tantas e nenhuma verdadeira, dependente de todas não tendo nenhuma, o rapaz deslumbrado com  as descobertas, perdido sem a mãe, o eterno porto seguro mesmo depois de morta. A amante, a musa, a esposa, todas dele e nenhuma verdadeiramente sua. O gosto agridoce do sucesso, o peso da idade, o peso do nome uma vez grandioso e agora insuportável, vazio. Vi um homem perdido dentro de si. Encontrou-se mas só depois de decidir retomar as rédeas da sua vida e parar de fingir. Depois de se despir das mulheres, da fama, encontrou o caminho, o seu. O caminho que se torna sempre claro quando se assume o que se é e o que sente, e a farsa dá lugar à realidade. É isto que retiro, apenas isto. Que a vida quando se transforma numa farsa é como fumo, impossível de agarrar e muito menos de saber para onde vai, até que desaparece. E só quando toda a farsa cai se pode ter a vida de volta nas mãos. O filme, foi o Nine.

1 comentário:

Bípede Falante disse...

Nos achados e perdidos masculino, a gente sempre tem um conhecido.