25.1.10

Agonia

Domingo à noite. O mais velho telefonou-me a chorar. Tenho saudades tuas. Morri. Passou o telefone ao mais novo. Eu tenho mais saudades ainda. Morri. Estiveram aqui, comigo, o mais novo dormiu comigo na sexta e o mais velho dormiu comigo ontem. Já estão naquele ponto em que o tempo passado comigo, por ser curto, ainda lhes dói mais. Quando podemos voltar para casa mãe? Morro de cada vez que me fazem esta pergunta. Morro porque não sei a resposta. E a puta da minha perna que já nem tem sequer a decência de me doer, e o filho da puta do meu sangue que teima em não diluir. Eu aqui a sentir-me bem, que o sangue a correr nas veias não se sente, que as putas das veias não me doem, mas não posso cuidar dos meus filhos, não posso fazer coisas tão básicas como deitá-los ou levantá-los, dar-lhes o pequeno almoço e levá-los à escola. E apesar de não estar bem, como me sinto bem enlouqueço de culpa, medonha e esmagadora que me asfixia e me rói por dentro por sabê-los cheios de saudades e não os poder trazer para ao pé de mim. Morro.

3 comentários:

Bípede Falante disse...

Querida Jacklyn, não sei o que dizer. O meu pequeno bípede também sofreu um tanto quando eu estava na fase crítica da trombose. Mas eu fiquei boa, e você também ficará. Esse é o único consolo. Você vai ficar bem, e eles também. Aguente firme!

Pulha Garcia disse...

Um beijo.

grassa disse...

Tudo na vida é cíclico.

Incluindo a felicidade.

Aguentarmo-nos à bronca é tudo o que podemos fazer.