31.5.11

Relativizar

Lembro-me de sentir isto quando percebi que o meu ex-marido me mandou seguir e mandou colocar um dispositivo de localização no meu carro, quando acreditava que eu tinha um amante e queria ter provas para mostrar a toda a gente para justificar a nossa separação. Lembro-me de me sentir assim, roubada, pilhada. A mesma frustração, a mesma raiva, a mesma sensação de perda, e acima de tudo a mesma impotência. Esta fim-de-semana assaltaram o carro do meu irmão e levaram a minha bolsa. A bolsa não valia um cu, mas dentro tinha a minha vida. Além de todas as minhas chaves, de casa e do meu carro, que tive de substituir mais os respectivos canhões, dentro da bolsa estava a minha carteira com os documentos excepto o cartão multibanco e o cartão de cidadão, ou cartão único ou lá como é que se chama, e o telemóvel, que tinha comigo. Mas a carteira constitui a minha vingança. Os filhos da puta dos ladrões não levaram um chavo. Nem tusto. Tive de cancelar o cartão de crédito e os cheques, é verdade, mas nem uma moedinha tinha. Mas a verdade é que preferia que me tivessem roubado uma porrada de euros do que o que efectivamente me roubaram. O sentimento não seria este, seria diferente. O dinheiro que se foda, a minha vida toda nas mãos de um estranho é que me incomoda mesmo muito. Mas, como me disse alguém chegado, quando me queixei que tinha uma puta duma sorte do caralho, vai à merda pá, os documentos e as chaves são todos substituíveis. Pensa que podias ter tido um acidente e a esta hora estar toda fodida numa cama de hospital, isso é que era, vai à merda pá, põe-te fina mas é.

E é.

4 comentários:

pedro b disse...

pois é.

Bípede Falante disse...

E eu que pensava que essas coisas não aconteciam por aí!

jacklyn disse...

Mas acontecem Bípede, e aqui é uma cidade pequena, em cidades grandes acontece mais. Mas mesmo assim não é frequente, não é uma coisa habitual que nos impeça de viver sossegados a maior parte do tempo :)

Junkie Jones disse...

A tua vida é uma emoção.