Lembro-me de sentir isto quando percebi que o meu ex-marido me mandou seguir e mandou colocar um dispositivo de localização no meu carro, quando acreditava que eu tinha um amante e queria ter provas para mostrar a toda a gente para justificar a nossa separação. Lembro-me de me sentir assim, roubada, pilhada. A mesma frustração, a mesma raiva, a mesma sensação de perda, e acima de tudo a mesma impotência. Esta fim-de-semana assaltaram o carro do meu irmão e levaram a minha bolsa. A bolsa não valia um cu, mas dentro tinha a minha vida. Além de todas as minhas chaves, de casa e do meu carro, que tive de substituir mais os respectivos canhões, dentro da bolsa estava a minha carteira com os documentos excepto o cartão multibanco e o cartão de cidadão, ou cartão único ou lá como é que se chama, e o telemóvel, que tinha comigo. Mas a carteira constitui a minha vingança. Os filhos da puta dos ladrões não levaram um chavo. Nem tusto. Tive de cancelar o cartão de crédito e os cheques, é verdade, mas nem uma moedinha tinha. Mas a verdade é que preferia que me tivessem roubado uma porrada de euros do que o que efectivamente me roubaram. O sentimento não seria este, seria diferente. O dinheiro que se foda, a minha vida toda nas mãos de um estranho é que me incomoda mesmo muito. Mas, como me disse alguém chegado, quando me queixei que tinha uma puta duma sorte do caralho, vai à merda pá, os documentos e as chaves são todos substituíveis. Pensa que podias ter tido um acidente e a esta hora estar toda fodida numa cama de hospital, isso é que era, vai à merda pá, põe-te fina mas é.
E é.
31.5.11
27.5.11
26.5.11
Little black dress
Um vestido preto básico transmite poder, verdade? E esta mão na anca, o que diz? Lembro-me de um livro que li ainda adolescente em cuja capa se via uma mulher, num vestido preto curto, na rua, mais precisamente no passeio, que se prostituia. As duas mãos nas ancas, as pernas colocadas mais ou menos como nesta fotografia, e o olhar era triste, muito triste. Nunca mais esqueci essa imagem, a mim dizia-me, estou aqui, para quem me quiser, estou pronta para tudo, aguento com tudo, venham, não me importo, eu aguento. A mulher do livro vendia sexo, mas a linguagem corporal é universal, e tirando-se-lhe o olhar triste, esta postura vende praticamente tudo.
25.5.11
Old fashioned
O senhor que me cumprimenta todos os dias no parque de estacionamento ao pé do escritório onde deixo o carro é muito simpático. Todos os dias, às vezes várias vezes por dia, me cumprimenta com um bom dia, ou boa tarde, minha senhora como está? Se estiver sentado levanta-se ao dizer isto através do vidro, automaticamente, instintivamente, e inclina a cabeça numa vénia quase imperceptível. Quando está cá por fora, a jardinar nos canteiros, pára o que está a fazer e vira-se na minha direcção para me saudar como deve de ser. Hoje, quando regressei do almoço e passei por ele, já a pé, em direcção ao escritório, ao dizer a boa tarde minha senhora, como está? levou a mão à boina que trazia e fez o gesto que implica a intenção de, sem de facto a levantar. Acho este homem tão maravilhoso. Ele faz mais por mim do que alguém, algum dia, jamais, possa sonhar. Eu aceito-lhe o cumprimento, retribuo-lho e sorrio-lhe. Sempre. E sem que ele desconfie, de todas as vezes, agradeço-lhe. Gosto de pensar que o cumprimento deste homem surte o mesmo efeito em todas as pessoas que ele cumprimenta, porque se assim não for é um enorme desperdício.
24.5.11
Punhalada
Devo, antes de mais, revelar aqui uma confissão da minha mãe, que não me influenciou nem influencia em nada, mas que aceito pois sei que é sincera e dolorosa. Minha filha, eu sei que és nova e que tens a vida para viver, mas se tu arranjares outro homem eu vou ficar muito triste. E é isto, a minha mãe não me imagina com outro homem, apesar de ter perfeita consciência que é provável que um dia, e mesmo que eu lhe diga que não se preocupe, venha a ter este desgosto. Acontece que, este fim-de-semana, pela primeira vez desde que me separei, tentaram fazer-me um arranjinho. Só me apetece rir, de cada vez que penso dá-me vontade de rir. Pois muito bem, a excursão ao Jamor incluiu a madrinha do meu filho mais velho, minha amiga de infância, os pais dela (a mãe dela é amiga de infância da minha mãe, e isto é o mais delicioso da cena toda), os tios e os primos, e um amigo deles. Também vai um amigo nosso, que é enfermeiro aqui no hospital, muito boa pessoa, impecável, divorciado, tem dois filhos, dois rapazes, é muito nosso amigo, disse-me a T. (a amiga da minha mãe) muito naturalmente. Desconfiei, admito. Ontem, lá no meio da confusão, agarrei a minha amiga pelo braço e perguntei-lhe, tenho a impressão que a tua mãe está a tentar impingir-me o enfermeiro, estou enganada? Fartamo-nos de rir, está mesmo, respondeu, ainda ontem à noite me disse, o F. é que estava bom para ela, não estava? E às gargalhadas disse-lhe, ai se a minha mãe sabe desta merda... já pensaste? A minha mãe, se descobre, mata a tua.
23.5.11
Alien
Não esquecer que eu não percebo rigorosamente nada de futebol, nunca me interessou e continua a não me interessar, não sei ver se foi fora de jogo, se foi falta, não sei nada, mesmo nada. Então fui, com este espírito descontraído, levar os meus filhos ao Jamor. Fomos de autocarro, levamos o farnel, fizemos o piquenique, tudo, a cena toda. Gostei, houve pormenores que dispensava, mas no geral gostei. Os rapazes entusiasmadíssimos, e só isto, valeu tudo, o calor, o carregar os sacos, o pó, os doentinhos da bola já alcoolizados horas antes do jogo. A parte mais bonita foi sem sombra de dúvida aquelas duas horas, já dentro do estádio, a torrar ao Sol mas isso é só um detalhe, a gritar, a fazer a onda, a cantar, Disso gostei muito. Depois do jogo começar é que já podia ter vindo embora que tinha ganho mais. O jogo, passou-me como era de esperar completamente ao lado, vi aquilo como se estivesse numa esplanada a ver as pessos a passar à minha frente, com a naturalidade de quem bebe um sumo de laranja enquanto espera pela torrada, agora os insultos, os pontapés nas cadeiras, os gritos, enfim, pessoas que se transformam em potenciais serial killers, pessoas que libertam tanta raiva que metem medo. Eu tive medo. Depois houve outras pessoas que se foram embora antes do jogo acabar. Não gostei nada dessa parte. Porque é que se vão embora antes do fim? Foram de tão longe e não ficam até ao final? Que raio de adeptos são estes? Cantam hinos de amor ao clube e quando o clube está a perder não ficam para ver o fim do jogo? Desistem simplesmente e abandonam os jogadores? Eu, se fosse jogador não queria estes adeptos. Mas eu não percebo nada de futebol.
21.5.11
Aparências
O dia está cinzento, eu também. O ar está húmido, pegajoso, eu também. Os rapazes foram à piscina, estou sozinha em casa e olho lá para fora e penso que não me apetece sair. Vou tomar um duche, secar o cabelo e maquilhar-me. Poderá parecer exagerado para uma ida ao supermercado mas não é mais do que uma miserável tentativa para esconder o cinzento que há dentro de mim. Quanto mais escuro o cinzento melhor me arranjo, para disfarçar, para despistar. Será que alguém percebe que quanto mais despojada de adereços, quando mais limpa a pele, quanto mais transparente estiver por fora, melhor me sinto por dentro? Será que as mulheres que vejo todas aperaltadas sentem o negro por dentro? Será que quanto mais alto for o salto mais baixo o espírito? Será que quanto mais bonita a roupa mais apertado o coração? Penso nelas e pergunto-me, de todas as bem cuidadas por fora quantas se sentirão realmente bem consigo próprias? E das outras, das que passam despercebidas, quantas se sentirão felizes?
20.5.11
19.5.11
18.5.11
Olhares
Quando entrava no carro depois de almoçar reparei que ao invés de um estavam dois tipos a olhar para mim. Há um que todos os dias me segue com o olhar, quando estaciono mais lá atrás ele regala-se, acompanha-me desde o carro até aos degraus, onde viro e desço, em direcção a casa dos meus pais. O rapaz deve ter vinte e alguns anos, e todos os dias está no café, cá fora, à mesma hora. Está lá quando chego e está lá quando vou embora. Olha-me e nem sequer disfarça, todos os dias, faça chuva ou faça Sol. Atingi aquela idade em que as mulheres atraem os rapazes mais novos. Hoje eram dois. O segundo é um puto que conheço há anos, via-o na bicicleta às voltas por lá. Cresceu, mas não deve ter sequer vinte anos. Hoje olhavam-me os dois, sem disfarçar, estavam sentados num degrau da casa em frente ao café e quando subi os degraus reparei que depois de me verem trocaram umas palavras e riram-se. Estou naquela idade em que as mulheres atraem os rapazes mais novos, ou então atraem os homens mais velhos. É normal. Aos mais novos cheira-lhes a sexo fácil, as miúdas da idade deles ainda têm dúvidas e dão-lhes trabalho. Sentem-se atraídos pela experiência que uma mulher mais velha lhes pode proporcionar. Aos mais velhos cheira-lhes a juventude e a frescura, mas ainda assim com alguma maturidade, já não têm pachorra para meninas de vinte, acham-nas parvas. É a meia idade das mulheres, aquela que atrai os dois extremos do espectro. Os do meio foram os que por qualquer motivo não quisemos, os mais novos e os mais velhos estão ali, à espreita, nós sabemos, e deixamos.
17.5.11
16.5.11
Man count
Pergunto-me se chocaria as pessoas se contasse com quantos homens já dormi, perdão, com quantos homens já fodi. Pergunto-me se achariam mais aceitável se todos eles tivessem sido meus namorados. Será que é menos grave uma mulher já ter fodido com vários homens com quem namorou ou não tendo desenvolvido qualquer relação com eles? É que namorado, não tive nenhum. A partir de quantos é que uma mulher passa a ser uma devassa? Acontece-me ter de puxar pela cabeça para enumerar os homens com quem fodi. Não porque tivessem sido muitos, mas porque não significaram nada, além de sexo. Mas já agora, quantos é que são muitos? Quem é que define esse número? Serei uma devassa aos olhos de muitos, é-me fácil foder com homens que não pretendo conhecer profundamente, não preciso sequer de os conhecer profundamente, é-me fácil dar a conhecer o meu corpo. A minha alma, no entanto, está guardada a sete chaves, nunca nenhum deles a viu.
12.5.11
Generalizações
Custa-me encaixar que os homens são todos iguais, mas o facto é que tudo indica que sim. Os homens não são todos iguais em tudo, mas há determinadas características que definitivamente apontam para a ausência de excepções. Ora, em não as havendo, passo, muito obrigada.
11.5.11
Ossos
A respeito das dietas e do peso ideal para a altura digo desde já que não pretendo nem nunca pretendi ser agora manequim, era o que me faltava. Dizem-me que o peso deve ser igual ao número de centímetros da altura, menos dez. Assim sendo, o meu peso ideal deveria ser 52 Kgs. Credo! Eu, com 52 Kgs, primeiro em vez de mamas teria peles dependuradas, depois os ossos das ancas ficavam que nem duas pistolas, espetados para fora, e os ombros, nem quero pensar nos ombros, ia parecer directamente saídinha de um vídeo da Lady Gaga com um daqueles casacos com as ombreiras tipo cadeirão de orelhas, mas sem precisar de ombreiras, mas tudo isto, sem conseguir entrar um tamanho 36, ah pois (tenho para mim que nem o meu esqueleto limpinho, sem vestígio de carne, caberia num tamanho 36). Para não falar da cara, que ia meter medo aos mortos. Eu, assim devagarinho, se conseguir chegar a pesar 60 Kgs (que era o que eu pesava há um ano e meio atrás) fico toda contente, mas mesmo toda contente.
10.5.11
Don't dream it's over
Há dias em que o sonho me abandona e na rua, vejo-me nos olhares vazios e ausentes. Olho as pessoas que passam e vejo-me nelas, passam apenas, na rua e na vida. Há dias em que penso que ultrapassei a minha cota, que já não me é permitido mais e resta-me ficar a ver a vida, amar e educar os meus filhos o melhor que sei e posso e agarrar umas pontas de qualquer coisa aqui e ali. Há dias em que o sonho me abandona, foge-me a sete pés e deixa-me assim, oca.
6.5.11
Provas
Correu-me lindamente, mãe. Respondi a tudo e a minha composição foi de vinte e sete linhas (não sei se concordo com esta norma de estabelecer limites de linhas nas composições, mas isso são outros quinhentos), e sabia as respostas todas. De certezinha absoluta que eu estava muito mais ansiosa do que ele, que acordou muito bem disposto e se despediu de mim com um sorriso de orelha a orelha à porta da escola. Vim para o escritório e a meio da manhã liguei à minha mãe, ele que me telefone imediatamente quando chegar, quero saber como lhe correu a prova, estudou tanto. Ufa! Agora siga a rusga que na próxima semana há prova de Matemática, o fim-de-semana não vai ser propriamente de brincadeira.
4.5.11
Surpresa
És a amante perfeita, não esperas, não exiges, não reclamas. Estás disponível, és leal e verdadeira. Aguardas secretamente pelo momento em que te desiludes e consegues finalmente acabar com tudo. Sabes perfeitamente que tens de o fazer só que não és capaz. Não acalentas falsas esperanças, mas sabes bem o que queres. Um belo dia ouves uma frase que te destrói. Essa frase retirada do contexto poderia ser a tua fagulha de esperança, a tua arma secreta, a tua luz ao fundo do túnel. Essa frase no contexto é a desgraça, é a clareza, é a ruína. Tudo o que foi, sempre soubeste que era para nada. Mas ser para nada é diferente de ser por nada. O que percebeste depois é que foi por nada. Por nada. E apesar de não ter sido intencional, foi deveras surpreendente.
3.5.11
A convocatória da Provocação
1. Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?
Sim, "Dona Flor e os seus dois maridos", de Jorge Amado, tão divertido.
2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Sim, "Os Maias" de Eça de Queiroz, nunca consegui ir até ao fim e asseguro que tentei muitas vezes. Pode ser que ainda tente outra vez.
3. Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
"O amante" de Marguerite Duras, li-o a primeira vez com dezasseis ou dezassete anos. Marcou-me profundamente.
4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Não escolho livro mas autor, nunca li nada de Saramago, mas gostava de ler só para poder ter opinião. Também nunca li o "Vinhas da Ira" mas esse não escapará. Há o "Libertação" de Sandor Maraí que ainda não li porque ainda não foi publicado em Portugal. Estou à espera.
5. Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Tenho muita dificuldade em lembrar-me do final dos livros. Ou são finais felizes ou finais para nos fazerem pensar em continuar a história. Para mim o prazer do livro e da história está no decorrer da leitura, no identificar-me com os acontecimentos ou não, ou até no fazer-me reflectir sobre como reagiria eu a uma situação idêntica à que estou a ler. O fim não é importante.
6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Quando era miúda devorei tudo da Condessa de Ségur, gentileza do meu pai, sócio do Circulo de Leitores. Depois fui lendo Camilo, e as obras obrigatórias do secundário (excepto os Maias) mas o que eu gramava mesmo eram policiais e de espionagem, John le Carré, John Grisham, Patricia Highsmith e outros que tais.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
"O Alquimista" de Paulo Coelho, só fiz questão de ir mesmo até ao fim para poder dizer mal. Não vi ali nada, nadinha. Sem propósito algum.
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Só alguns mesmo e o significado que lhes encontrei ou o que me divertiu
- Rosa Brava de José Manuel Saraiva - romance histórico baseado na história de Leonor Teles, as intrigas da côrte, adoro cenas históricas
- O nome da Rosa de Umberto Ecco - romance histórico, a fé e a igreja, a maldade dos homens praticada em nome de Deus, mais uma vez, gosto muito de romances históricos
- O Fio da Navalha de Somerset Maugham - crónica de costumes, a sociedade e o que ela espera de nós, a integridade do indivíduo
- As velas ardem até ao fim de Sandor Maraí - a natureza humana, a amizade, a traição, a lealdade
- 1984 de George Orwell - a natureza humana, a repressão do espírito, a resistência da alma
- O talentoso Mr. Ripley de Patricia Highsmith - policial que nos vira a cabeça e nos faz apaixonar pelo criminoso, delicioso.
- O amante de Marguerite Duras - a descoberta dos prazeres carnais, a história de amor proibida que passa a ser aceitável aos olhos da família a partir do momento em que há contrapartidas financeiras, o amor que passa despercebido na juventude mas que dura uma vida inteira.
9. Que livro estás a ler neste momento?
Neste momento nenhum, mas a meio estão o "A mulher certa" de Sandor Maraí e "O gato Malhado e a andorinha Sinhá" de Jorge Amado (que comprei para o meu filho mais novo) e estão a postos o "Servidão humana" de Somerset Maugham e "Filhos e amantes" de D. H. Laurence.
(Provocação, não convoco doze pessoas para o questionário porque não sei se por aqui andam assim tantas...)
Sim, "Dona Flor e os seus dois maridos", de Jorge Amado, tão divertido.
2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Sim, "Os Maias" de Eça de Queiroz, nunca consegui ir até ao fim e asseguro que tentei muitas vezes. Pode ser que ainda tente outra vez.
3. Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
"O amante" de Marguerite Duras, li-o a primeira vez com dezasseis ou dezassete anos. Marcou-me profundamente.
4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Não escolho livro mas autor, nunca li nada de Saramago, mas gostava de ler só para poder ter opinião. Também nunca li o "Vinhas da Ira" mas esse não escapará. Há o "Libertação" de Sandor Maraí que ainda não li porque ainda não foi publicado em Portugal. Estou à espera.
5. Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Tenho muita dificuldade em lembrar-me do final dos livros. Ou são finais felizes ou finais para nos fazerem pensar em continuar a história. Para mim o prazer do livro e da história está no decorrer da leitura, no identificar-me com os acontecimentos ou não, ou até no fazer-me reflectir sobre como reagiria eu a uma situação idêntica à que estou a ler. O fim não é importante.
6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Quando era miúda devorei tudo da Condessa de Ségur, gentileza do meu pai, sócio do Circulo de Leitores. Depois fui lendo Camilo, e as obras obrigatórias do secundário (excepto os Maias) mas o que eu gramava mesmo eram policiais e de espionagem, John le Carré, John Grisham, Patricia Highsmith e outros que tais.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
"O Alquimista" de Paulo Coelho, só fiz questão de ir mesmo até ao fim para poder dizer mal. Não vi ali nada, nadinha. Sem propósito algum.
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Só alguns mesmo e o significado que lhes encontrei ou o que me divertiu
- Rosa Brava de José Manuel Saraiva - romance histórico baseado na história de Leonor Teles, as intrigas da côrte, adoro cenas históricas
- O nome da Rosa de Umberto Ecco - romance histórico, a fé e a igreja, a maldade dos homens praticada em nome de Deus, mais uma vez, gosto muito de romances históricos
- O Fio da Navalha de Somerset Maugham - crónica de costumes, a sociedade e o que ela espera de nós, a integridade do indivíduo
- As velas ardem até ao fim de Sandor Maraí - a natureza humana, a amizade, a traição, a lealdade
- 1984 de George Orwell - a natureza humana, a repressão do espírito, a resistência da alma
- O talentoso Mr. Ripley de Patricia Highsmith - policial que nos vira a cabeça e nos faz apaixonar pelo criminoso, delicioso.
- O amante de Marguerite Duras - a descoberta dos prazeres carnais, a história de amor proibida que passa a ser aceitável aos olhos da família a partir do momento em que há contrapartidas financeiras, o amor que passa despercebido na juventude mas que dura uma vida inteira.
9. Que livro estás a ler neste momento?
Neste momento nenhum, mas a meio estão o "A mulher certa" de Sandor Maraí e "O gato Malhado e a andorinha Sinhá" de Jorge Amado (que comprei para o meu filho mais novo) e estão a postos o "Servidão humana" de Somerset Maugham e "Filhos e amantes" de D. H. Laurence.
(Provocação, não convoco doze pessoas para o questionário porque não sei se por aqui andam assim tantas...)
Algazarra
No dia de Páscoa, a seguir ao almoço ouvi uma grande algazarra, eram as vozes dos meus filhos e lá no meio ouvia a minha mãe também. Mas, ao invés da minha mãe os estar a mandar calar como é costume, a voz dela pareceu-me tanto ou mais excitada do que as deles. Da janela do quarto do mais novo, sim em casa dos meus pais tanto eu como eles temos quarto, pelo meio das folhas do limoeiro, via-se isto:
Este ninho magnífico lá estava, escondidinho. Diz a minha mãe que agora, onde se vêm dois ovos, estão quatro. Foi uma festa, como é bom de ver. Hoje, há bocadinho, quando lá cheguei para almoçar, deparo-me com isto em cima da mesa das traseiras:
Duas cobras, metidas num frasco que a minha mãe encontrou no quintal e imediatamente chamou o meu pai para as apanhar. São para os rapazes, disseram-me os dois, todos contentes. Quando os moços chegarem da escola vai ser o fim da macacada.
2.5.11
Sacrifício
Esta que vos escreve sente uma profunda repulsa por futebol e derivados. Esta que vos escreve entrou uma vez na vida num estádio de futebol e assistiu a um jogo de uma competição europeia e jurou que nunca mais. Esta que vos escreve é mãe de dois rapazes, um com sete anos e o outro com onze anos. Esta que vos escreve não tem outro remédio senão aceitar que os dois rapazes vibram com futebol e obviamente que estão ambos histéricos porque a equipa cá da terra passou à final, pela primeira vez na história do clube. Esta que vos escreve pediu ontem a alguém que lhes compre bilhetes, a ela e aos dois rapazes, para irem ver a final da taça de Portugal ao Jamor.
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