24.4.09

Meio caminho andado

Se é verdade que sabemos perfeitamente os que nos excita, também é verdade que nem sempre é garantido. Apesar de acharmos que os mesmos ingredientes dão aquela comidinha boa que nos apetece, nem sempre resultam no prato que imaginamos, às vezes o tempero não ficou "au point", ou saiu um bocado crú, ou pior, o "soufflé" afinal abateu completamente logo ao sair do forno.
Pois é, eu acho que a culinária é uma excelente metáfora para falar de relações, querem ver?

Vamos fazer uma mousse de chocolate?

Então:
1) Derretemos o chocolate, negro (diz a receita) - mas nunca experimentei com outro chocolate, nada me diz que a mousse não me saia ainda melhor com outro tipo de chocolate, não é?Isto tem de ser feito em banho-maria, e é fundamental que a água não ferva. Pois, meus amigos ferver fora do tempo pode deitar tudo a perder. (É curioso que sendo as mulheres normalmente as cozinheiras do dia a dia, sim porque os grandes chefs, quase todos homens, esses fazem da cozinha a sua profissão/arte, são elas normalmente que fervem antes do tempo. Já deviam saber, mas pronto...)
2) Juntamos manteiga (q.b.) para amaciar o chocolate, e um pouquinho de açucar - mas aqui muito cuidado - açucar a mais enjoa! Feito isto, deixamos o chocolate arrefecer só um bocadinho (não deve ficar frio) para poder juntar as gemas de ovos, que darão a consistência. É importante não avançar com a coisa ainda demasiado quente senão elas simplesmente desfazem-se e não se incorporam de todo no preparado.
Agora, reservamos. Está feita a base.
3) Batemos as claras dos ovos em castelo, e vêmo-las a crescer tal e qual as fantasias, e as ilusões. Há quem junte sal às claras, não é obrigatório. Mas é preciso que isto seja feito devagar, mas com mão certinha, controlo de velocidade e ritmo acima de tudo. Sem o ritmo certo as claras não crescem como convém, ou então ficamos com um pouco que líquido lá no fundo, que se não for descartado, vai invariavelmente estragar tudo.
4) Pegamos na nossa base, e vamos adicionando as claras aos poucos. Misturamos tudo, nunca batendo mas envolvendo, para obter aquela suavidade.

Resultado:
Tendo o ingrediente que normalmente dá certo, mas podendo utilizar uma variação (nunca se sabe), e sabendo dosear o tempero e a temperatura, garantimos a consistência da base.Dominando o ritmo com que adicionamos as ilusões e descartando as desiluções, e se soubermos envolver em vez de bater, teremos uma "mousse de chocolate" perfeita.

Está a dar-me uma fome...

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