18.4.09

O jogo

Podia dizer que foram as conversas que tivemos.
Podia dizer que foram os teus olhos, ou podia dizer que foi o teu ar de rufia que me atraíu. Também podia dizer que foi o facto de me fazeres rir.
É assim que normalmente os homens "conquistam" as mulheres.
Mas não, não foi nada disso. Nem sequer foi na primeira vez que te vi.
Foi um desejo, como quem deseja de repente comer cerejas fora da época. De repente, apeteceram-me cerejas, quer dizer, apeteceste-me. Assim saído do nada, sem explicação, veio de dentro de mim o apetite. Sem que tenhas feito o que quer que seja para isso.
Ou melhor, fizeste: entretando percebi que as coisas que me foste dizendo fazem parte do esquema, percebi sem mo teres dito. Percebi também que tudo faz parte do jogo, e tu jogaste-o. Só que eu não joguei o jogo. Eu fui só espectadora, observando as jogadas, e divertindo-me com elas. O melhor de tudo é que mesmo não participando activamente no teu jogo, deparei-me com o meu próprio jogo, cujas regras são diferentes das tuas.
E o resultado, apesar de poder ser contabilizado da mesma forma, para o teu jogo significará provavelmente uma vitória, sendo eu o adversário, o que me diverte. Já no meu, não és o adversário, jogas comigo e não contra mim, e ganhamos os dois.
Não deixa de ser um jogo, onde o que importa é o resultado e não se se joga bem ou mal, se se joga ou se não se joga, ou até se os intervenientes não usam as mesmas regras.
É apenas um jogo, com princípio e fim.

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