18.5.10

Tédio

Por mais que procure não encontro nada, nadinha que me apaixone. Zero. Penso, penso, penso e não aparece nada que me faça sorrir por fora e por dentro. Durante anos o trabalho apaixonou-me, agora já não. Não tenho nenhum hobbie para além de escrever em blogs, coisa que ainda me vai dando algum gozo. Não mantenho nenhuma actividade que realmente me dê prazer. Há coisas que gosto de fazer é certo, como ir ao cinema ou ao teatro e ir a concertos, mas não passam de coisas banais. Gosto de sair à noite, de dançar e conviver. Coisas banais. Poderia falar dos meus filhos, mas não se trata de paixão, é amor, não tem nada a ver. É um amor maior do que tudo, maior do que eu. Mas, este amor preenche apenas uma parte, a parte da mãe e uma pessoa não é só mãe, é também composta de outras características, e essas andam mal preenchidas. A mulher, vai-se entretendo e divertindo com os homens que também acabam por a aborrecer, e a outra parte, essa está vazia. Essa parte é a que constata que as pessoas em geral me aborrecem, o trabalho me aborrece, as notícias me aborrecem, basicamente o mundo me aborrece. E ando assim, triste. Olho o mundo sem interesse, sem pinga de entusiasmo. Preciso de um projecto, ah pois, é verdade, já tenho um, mas também não me apaixona. Devia, tratando-se da minha casa, da renovação da minha casa, com que sonhei durante anos e que finalmente se concretiza, devia entusiasmar-me, ao invés só de pensar na canseira que me vai dar, nas consumições que irei ter, fico exausta. Esta merda não é normal.

7 comentários:

Anónimo disse...

Pois o que se passa para mim é que estás acordada. E infelizmente a dada altura acordamos, vemos que tudo é uma ilusão frágil que não toma formas em emoções reais, antes efémeras. O problema é que só os tolos são felizes, que realizam metas na sua vida e quando as atingem fficam maravilhados com elas, mas e os outros? Os que as atingiram e viram que era só aquilo? Que não era assim tanto nem preenchia por aí além, que apesar dessas metas continuamos num vazio, numa ansiedade de algo que afinal não existe, não só de um alguém mas de tudo. E tudo é tão oco, tudo é tão vão... tens os teus filhos mas lá está, a vida de uma mulher reesume-se aos filhos? Foi esse o ponto máximo? É muito sim, mas e o resto? E os dias valem o quê, sabem a quê? O corpo anda movido a quê? A uma rotina que suga e domina. Não somos felizes, e quem é está iludido...
We are all in the gutter but some of us still look at the stars" Orson Wells.

E eu pergunto, e mesmo olhando as estrelas isso dá o quê?

jacklyn disse...

Dá uma grandessíssima dor no pescoço, é o que dá olhar as estrelas. Olhar à volta, a maior parte das vezes dá dor de estômago e olhar para o chão dá dor de cabeça. Estamos fodidos, é o que é. Assim sendo, conclui-se que este acordar não traz nada de bom, e agora pergunto eu: será melhor fechar os olhos, engolir um sonífero e voltar a adormecer?

Anónimo disse...

Normalmente e infelizmente, sim. Por isso andamos todos a anti-depressivos que aceitamos felizes e contentes para que domemos este mau acordar, ou este afinal a vida é isto. Não há o que fazer nem para onde fugir, a alheação da mente é do melhorzinho que se faz e contar chegar a velho e morrer. Pronto. Tem sido assim desde sempre, tudo o resto é miragem.

jacklyn disse...

Estás resignado portanto, eu contudo, ainda não. Ainda não cheguei a esse estado de aceitação de "a vida afinal é só isto". Não sei... custa-me.

Isa disse...

Bolas Anónimo! para Anónimo tens uns discurso muito particular.

Gostei e subscrevo.

Anónimo disse...

Essa do anónimo com um discurso muito particular deixou-me a pensar... os anónimos só costumam dizer disparates? :D

Isa disse...

Normalmente sim, usam o anonimato para dispararem insultos ou baboseiras a outrém e se bem que aqui nestas paragens ter uma identidade não queira dizer nada de por aí além, porque tudo pode ser inventado, "anónimo" a mim sugere logo falta de outras coisas também.

Encontrei a excepcão à regra, um anónimo com discurso assertivo.

E ainda bem!