25.5.10
Diz-lhe
Diz-lhe que não, que não espere nada e que nada tens para lhe dar. Não posso faltar-lhe assim ao respeito, não posso. Ele nunca me pediu nada, nem agora, ele nunca cobrou nada, apenas gosta de mim há vinte anos e durante vinte anos menos dois meses nada soube de mim. Mas aposto que te procurou porque soube que te divorciaste, aposto que pensa que tem agora a oportunidade dele. Talvez, mas isso não muda nada, nem o sentimento dele nem o meu. De que adianta magoa-lo? Não, não posso. Se durante estes anos todos o sentimento ficou sem saber do meu paradeiro, sem esperar nada em troca, não serão as minhas palavras que farão a diferença. A ausência é muito pior do que as palavras, a ignorância é muito pior do que as palavras, e ele aguentou tudo por uma ideia do que poderia ter sido. Ele é coerente. Ele é desonesto com toda a gente à volta dele mas manteve-se honesto com ele próprio, quase que o admiro por isso. Quase. Fez da própria mulher a segunda escolha, quase que o desprezo por isso. Quase. Desde que retomamos o contacto nunca foi indelicado, nunca fez um comentário impróprio, que direito tenho eu de o confrontar com um facto que o destroçará? Não tenho direito algum. O que ele sente é dele, não é meu e nunca será. Invadir esse espaço é faltar-lhe ao respeito. Não posso. Não digo.
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