20.9.11

Permissão

Recebo um sms pouco antes das dez da noite, posso ligar? Deixei. O meu coração não disparou nem fiquei a tremer. Falamos e confirmei-lhe que entrei no curso que queria e que ao invés de ter sabido só o resultado ontem como estava previsto tinha recebido e-mail no sábado à tarde. Ficou contente mas não surpreendido, disse que nunca duvidou e deu-me os parabéns. Não é nada de extraordinário mas agradeci. São dez, tenho de deitar os miúdos, certo, certo, não te atrapalho, fica bem, obrigado por fazeres parte da minha vida. Manda-me email no dia do meus aniversário, telefona-me no dia em que sabe que saem os resultados do ensino superior, e faço parte da vida dele por lhe permitir estes pequenos nadas. E agradece-mo. Nesse momento soube serena e tranquilamente que é uma questão de tempo. Não mantemos contacto, desde que acabei com tudo que não lhe ouvia a voz, apenas me escreveu. Serão anos, não importa, mas é uma questão de tempo. Há-de aparecer-me alguém pelo meio, aposto, mas ele há-de vir, livre, e onde quer que eu esteja, com quer que eu esteja, desembaraçar-me-ei e serei dele. Simples.

9 comentários:

Sofia disse...

Pois se me permites opinar, fazes mal. Vais viver a vida agarrada ao passado e a uma hipótese de futuro. Não é justo para ti e para quem aparecer pelo meio.
As ilusões são crueis, vazias e só nos enfraquecem.

Mas isto sou eu que digo e vale o que vale.

Junkie Jones disse...

A sofia tem razão pá, afinal tu és uma mulher ou um tamagoshi?

jacklyn disse...

Olá Sofia, é-me difícil explicar mas não é agarrar-me ao passado. É mais esperar. E estranhamente, este esperar vem-me como uma coisa boa. É-me difícil explicar :)

jacklyn disse...

Junkie, não sei exactamente o que é isso, mas desconfio que não deve ser grande coisa.

Junkie Jones disse...

Jaquelina, não sabes o que é um tamagoshi?
Pois os teus filhos são demasiado novos para terem passado pela febre desses bichos electrónicos alimentados a amor, um amor estranho que me fez lembrar a referência que fizeste ao sms, ao telefonema, aos parabéns nos aniversários, esses "amendoins".

jacklyn disse...

Pois é Junkie, o tempo passa e continua tudo na mesma, eu a falar de alhos e tu de bugalhos :)

grassa disse...

Péssima premissa de vida, mas inevitável quando se ama.

Sofia disse...

Tinha aqui uma enorme resposta com a minha história e como te comecei a ler exactamente por me identificar com a tua pelas evidentes semelhanças. Mas no meu caso resolvi não esperar, por muito que me tenha custado consegui aceitar que empatias e ligações extraordináriamente fortes só aparecem talvez uma vez na vida e só nos resta vivê-las, sofrê-las e esperar que o tempo apague, não as memórias, porque elas ficam sempre, mas aquela ideia de que não voltamos a viver mais nada assim.
Podemos até não viver na verdade, mas se não estamos com aquela pessoa por algum motivo é. E com o tempo vamos vendo as coisas com outra clareza.

Jacklyn, essa ideia de esperar é apenas uma forma de confortar a sensação de perda. Se realmente isso acontecer e ele perceber que é consigo que tem de estar, melhor. Mas não coloque a vida em stand by. Faça o luto e dê oportunidade a si e a outro de ser feliz. Se ele não está consigo neste momento é porque não quer, porque se quisesse estava, fosse contra tudo e todos, mas estava.

E cá está mais um enorme comentário. :)

jacklyn disse...

Sofia, não te preocupes com o tamanho do comentário :) Ia responder-te mas achei que merecia um post. Beijinhos.