25.9.11
Velhos
Hoje vi o Sr. Lopes. Conheço-o desde que me lembro, era amigo do meu avô e frequentava a nossa casa. Hoje faz noventa anos, um homem de cair para o lado. Fato cinza escuro e uma gravata de cor indefinida numa camisa branca imaculada. Um metro e oitenta e cinco, no mínimo, de pura elegância, esguia e leve. Lavrador, sim lavrador, aqui diz-se lavrador, agricultor é palavra chique e aqui não há lavradores chiques. Há homens como o Sr. Lopes, lindos, magníficos, velhos e vividos. Há homens cuja palavra vale a própria vida, cuja honra está acima de tudo. Há homens humildes e dignos, trabalhadores honestos com as mãos cheias de calos e que sabem dar valor ao que têm. Havia, porque do grupo de amigos do meu avô, o Sr. Lopes é o último, o Sr. Miranda foi a seguir ao meu avô e resta o Sr. Lopes que era o mais novo. Dezanove anos mais novo do que o meu avô, lembro-me que ele dizia sempre, o Lopes é um rapaz novo, e eu ria-me, porque o meu avô é que era velho, aos noventa saía com putos de setenta.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
:) bolas, não sabia que agricultor era o primo abastado do lavrador :p
Adoro a tua visão das coisas, tens subtileza e não cansas... às vezes lamento os posts não serem mais longos e olha que é raro desejar isso.
Fico contente por gostares Provocação, a sério que fico :)
Enviar um comentário