31.10.09

Eu sou

Acabei de jantar, mas ainda não terminei o meu vinho. Nem sei quando irá terminar, pode até ser só quando terminar a garrafa. Sinto-me bem. Apetece-me continuar a beber o vinho branco, Periquita, não sei qual é o ano nem importa, porque gosto dele, é bom. Hoje foi um dia perfeito, não podia deixar de o registar. Começou com o acordar os miúdos com o habitual beijo, o pequeno almoço e o vestir. Tudo decorreu calmamente. Depois foram à aula de natação, aproveitei e arrumei a casa, as roupas e saí. Estive com o meu melhor amigo, tomamos um café e conversamos um bocadinho, só um bocadinho, ele estava a preparar uma sessão fotográfica que teria mais tarde para uma revista do ramo dele, está a ficar famoso. Fico feliz por ele, merece. Tem um talento extraordinário, efectivamente merece. Depois fui às compras, abastecer a casa de mantimentos, a velocidade a que desaparecem é alucinante. Depois do almoço os miúdos regressaram e inacreditavelmente estiveram cada um no seu quarto a fazer os trabalhos de casa enquanto eu arrumei o armário do stock. Chamo-lhe assim porque neste armário guardo os mantimentos, lembra-me os filmes antigos, do tempo da guerra em que as famílias guardavam mantimentos para quando os não houvesse. Faz-me lembrar os tempos em que as famílias se uniam, os grandes abriam as asas para proteger os pequenos, hoje sinto-me assim, de asas abertas com as minhas crias debaixo delas, aninhadas e quentinhas, protegidas do mundo. Mais um golo de vinho, tão bom. Depois saímos para a festa. Tão atrasada esta festa, tantas vezes perguntada esta festa. E finalmente marcada, organizada e oferecida à alegria, gargalhadas e energia inesgotável de 15 putos completamente libertos nos gritos e correria, derretidos em suor perdoado por ser a festa, sujos em bolo e sumo perdoados por ser a festa. Tanta alegria, tanta energia, tanta que não cabe numa só que eu sou e que sente que não podia, não me perdoaria se não lhe desse esta festa, nunca me perdoaria. Depois o regresso, atulhado de presentes. O inevitável banho, na minha banheira que eles adoram e eu delicio-me com os dois nús, a rir embrulhados em espuma e champo, e a água que queima e os faz saltar, e a toalha macia e fofa, e o cabelo a pingar. O pijama lavado já estava pronto, tão bem que cheira o pijama mãe, e eu sorrio. O jantar foi a cereja no topo do bolo, lasanha!!! Ena mãe, lasanha, a nossa comida preferida! E o vinho sabe-me cada vez melhor. Estarei enebriada pelo vinho talvez, mas nada supera, absolutamente nada supera estar enebriada pela felicidade.

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