19.9.14
Vergonha
Existe uma arte, um dom, ou um desporto, que é magoar os
outros propositadamente. Conheço várias pessoas que conseguem escolher as
palavras certas e proferi-las no momento certo com o objetivo de fazer sofrer o
interlocutor. Nunca consegui aprender a fazer isto, e envergonho-me de o
admitir, houve momentos em que desejei fazê-lo. Sempre acreditei que estas
pessoas se dividissem em dois grupos; as que o fazem retaliando
um ataque de forma imediata e espontânea, e as que o fazem depois, por vingança, seguindo um
plano meticulosamente preparado. Mas descobri que há ainda outras, as que
pensam no que podem fazer às pessoas, porque as conhecem bem, porque lhes
conhecem as fraquezas e preparam o ataque, apontam ao alvo indefeso, incrédulo
e se regozijam com a dor alheia, pois só assim se sentem felizes, fazendo os
outros infelizes. Habitualmente fazem-se passar por amigos. São os pratos da
balança que só sobem quando os outros descem, já que sozinhos não valem nada,
vivem dependentes do que acontece aos outros, ora felizes ora infelizes na
proporção direta dos estragos que conseguem provocar. Os que magoam à defesa até
consigo tolerar, já aos outros, e também me envergonho de o admitir, desprezo-os
profundamente.
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