30.6.11
26.6.11
22.6.11
Podre
Ontem um amigo fez-me pensar no motivo do meu desconforto relativamente aos acontecimentos recentes e à consequente análise que se me afigurava difícil. Há sensivelmente um ano eu quebrei e a seguir apodreci. Tenho vivido estes tempos com um profundo desgosto dentro de mim e fechei-me ao mundo e aos homens. Antes era a predadora e marcava os alvos mas este tempo todo, propositadamente, escondi-me no conforto da invisibilidade. É-me infinitamente mais fácil recolher-me dentro de mim própria do que enfrentar o mundo, porque quando olho para fora vejo-me, o que invariavelmente me dói. Agora, de repente senti-me a presa, e ao invés do jogo do ataque, encontro-me a jogar à defesa. Fui apanhada de surpresa. Não consigo perceber se é bom ou mau sinal, se o amor que me destrói está a abandonar-me e eu estou, sem sequer o ter percebido a expor-me de novo à vida como um rebento num tronco seco, ou se estou a expor o flanco à dentada que me vai, finalmente, matar.
18.6.11
Como começar um boato
Esta manhã fui às compras com o meu pai. Fomos ao super mercado e enquanto esperávamos que nos servissem o peixe dei com os olhos numa antiga cliente da minha mãe, mas que desistiu há uns tempos de lá ir arranjar o cabelo. Cumprimentei a senhora e mantive-me sossegada. Ao meu lado, o meu pai não a tinha visto e quando finalmente a mulher se lhe dirigou, pediu desculpa e disse muito espantada que não o tinha reconhecido, que me viu mas que pensou que o homem ali ao meu lado era o meu namor... o meu marido, corrigiu. Olhamos um para o outro e apeteceu-nos rir. Depois, adivinhamos o pensamento um do outro. Assim se começa uma história do arco da velha, a mulher era muito bem capaz de comentar com a vizinha que me viu no super mercado com o namorado. E assim poderia facilmente iniciar um boato, muito naturalmente, sem qualquer malícia. Olha, tem namorado, estavam os dois no super mercado no sábado de manhã. Assim, fácil.
15.6.11
Morte
Sonhei comigo grávida em fim de tempo com violentas contracções, desfeita em água e com a criança quase a nascer, gritava à minha mãe que tinha de ir para o hospital e ela, calma, dizia-me que não, que havia tempo. Sonhei que o tempo passou, as contracções passaram, a água secou e a criança não nascia. Não existia o pai da criança e nem era coisa que me preocupasse, preocupava-me a criança que não nascia e os dias que passavam, um, dois, três. Depois acordei e tive medo de adormecer de novo. Não dormi mais, tive medo de parir um filho morto.
14.6.11
13.6.11
8.6.11
Faz-me sentir
É por isso uma mulher perdoa. É por isso que uma mulher esquece. É por isso que uma mulher fica. Porque o seu homem a faz sentir a melhor do mundo, a faz sentir a única no mundo. Esse homem sabe que ainda que seja só por breves instantes, ainda se dure só o tempo de um olhar, ainda que antes lhe tenha partido as trombas e o sangue ainda corra, ainda que antes lhe tenha partido o coração com insultos, ele sabe que basta mostrar uma nesga de arrependimento e dizer um amo-te com voz sentida, e nesse segundo ela perdoa, ela esquece, ela fica. Enquanto uma mulher só precisar de se sentir amada, ainda que seja mentira, ainda que as palavras doam mais que murros, ainda que seja só por uns breves minutos, basta-lhe. Somos tão fáceis, para nós o amor nem sequer é preciso que seja verdade.
6.6.11
Diminuir
Se a mulher que eu era há um ano atrás e a mulher que sou hoje se encontrassem e se sentassem calmamente para tentar conversar teriam bastante dificuldade em encontrar pontos em comum, naquilo que interessa pelo menos, que é o carácter. Nunca poderiam ser amigas, acho até que dando-lhes tempo suficiente, iriam acabar por detestar-se.
3.6.11
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