19.1.11

Identidade

Nunca compreendi o que leva algumas mulheres a mudarem de nome quando casam. Porque é que metem lá o nome dos homems com quem se casam? Porquê? O que é que muda por mudarem de nome? Procurava não há muito duas primas minhas no Facebook e acabei por encontra-las só depois de ter encontrado o marido de uma delas. E porque não as encontrava eu? Porque as meninas já não dão pelo nome de baptismo mas antes pelo nome dos maridos. Fez-me impressão. Eu casei-me e não mudei de nome. Não deixei de ser quem era por me casar, nem passei a ser de alguém por me casar. Também não sei o que pensar dos homens que apreciam que as esposas lhes adquiram o nome. Sentimento de posse? Será? As mulheres que mudam de nome quando se casam fazem-me sempre pensar que de alguma forma se anulam porque parece que só com o nome do marido existem. Por exemplo, a minha sogra (será ex-sogra? dizem que não, que as sogras serão sempre sogras) tem o nome do marido, médico reconhecido na sua área de especialidade, e quando a senhora diz o nome imediatamente se sabe que é a esposa do senhor doutor. Quando a minha prima diz o nome, também se sabe que é a esposa do senhor doutor (este é advogado). Não estão estas mulheres a admitir que sem este nome ninguém as conhece, ninguém sabe quem são, e por conseguinte não existem?

10 comentários:

Provocação 'aka' Menina Ção disse...

Visto desse ponto de vista sim, o reconhecimento social provindo da anulação da mulher face ao sucesso do homem. Depois há o lado romântico de se fundirem um no outro, óbvio que só concordo com a alteração do nome dela se ele alterar o dele, tirando isso não sou nada a favor e não faria.

jacklyn disse...

Além de que, dizem, em caso de divórcio dá uma trabalheira para se livrarem do nome do ex... :)

Bípede Falante disse...

Jackly, eu tenho o sobrenome do meu marido somado ao meu para não me complicar com o que já é complicado, para amansar os que mordem por bobagens, mas sigo usando o meu nome de sempre. E na verdade nem ligo para os sobrenomes que herdei dos meus pais e ganhei do marido. Ligo para o meu nome, o que me define e eu carrego com essa minha bipedice às vezes sem rodinhas :)
beijos

jacklyn disse...

Eu sei Bípede, tenho uma amiga que já se "zangou" comigo esta manhã por causa deste post. Ela também tem o sobrenome do marido. Segundo ela é uma forma simbólica de "abraçar" a família do marido. Tudo bem, apesar de eu não concordar. Os exemplos que dei, acho que são flagrantes mas de um ponto de vista de reconhecimento social. Aceito outras explicações para o facto, mas eu não seria capaz de o fazer.

Salvador disse...

Boa noite, Jacklyn ))

Mais uma tradição que está a cair em desuso. Esta sim, felizmente.

Isa disse...

Um perfeito disparate. Eu fi-lo, mas é um perfeito disparate.



No Irão, as mulheres não assumem o apelido dos maridos. Como calculas não será por uma questão de "independência", é pela mesma razão que os filhos também não têm nos nomes, os apelidos das progenitoras.
É tudo filho só de pai.

grassa disse...

Extremismos, não obrigado. Nem dum lado, nem do outro.

Nem eu quero que a minha miúda adopte o meu nome, nem eu quero que ela fique sem ele.

Eu vou querer ter o nome dela no meu nome. Porque... sim. Chamem-lhe simbiose por escrito, mas quero.
Não faço questão que ela o faça.
E mesmo que ela o faça, não faço questão de ter o meu nome em último.
Nem faço questão de que os nossos filhos tenham o meu nome por último.
Nem faço questão de... esqueci-me o que ia escrever. Vou tomar café.

jacklyn disse...

Podias trazer um para mim, trazes?

Maria Lurdes disse...

E eu também não percebo porque é que o nome do pai é que vai em último lugar no nome dos filhos. Eu sei que a lei permite que não seja assim, mas quem se atreve? depois os meninos podem ficar traumatizados... Há um longo caminho a percorrer até à igualdade e irrita-me profundamente que nós, mulheres pactuemos com estas parvoíces todas. A adopção do nome do marido na sociedade portuguesa é uma coisa bastante recente, é uma tradição anglo-saxónica que nós (salvo seja)importámos.

Blan

Bípede Falante disse...

Jacklyn, um sobrenome não abraça ninguém e nem um sobrenome confere amor a ninguém. Um sobrenome passa de pai para filho, e no pai incluo a mãe para facilitar as coisas, automaticamente. Um sobrenome não é nada, ainda quem encha a boca para dizer que é um isso ou um aquilo. O que interessa é a gente, nem o nome da gente interessa muito. Eu, pensando bem, sou mais só uma bípede que qualquer outra coisa, que ser Helena ou Lelena disso e daquilo não me particulariza subjetivamente em nada. Mas é bom ter um nome *risos*, melhor do que ter um número ou um código da barras, não é? :)
beijos