Eu ali a ouvi-lo e a sentir-me cada vez mais pequena. Cada vez
mais ignorante. Cada vez mais bruta. Ouvia o fascínio, a admiração. Ouvia as
explicações, as interpretações. Ouvia tudo e não sentia nada. Mas sentia.
Sentia uma inesperada mistura da recusa que cultivei estes anos todos, com uma curiosidade
medrosa e quase infantil pela obra que sempre me intimidou. Nunca quis ler
aquele homem com medo de sem querer lhe roubar as palavras e de sem saber
querer fazê-las minhas, levada pela vaidade e pela soberba, que quando se me
mostram me envergonham e me fazem sentir pequena, ignorante e bruta.
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