28.7.11
Os meus, os teus e os nossos
Há muitos anos a minha mãe contava a história se que um senhor que enviuvou novo com vários filhos pequenos, se casou outra vez e com a nova mulher teve também vários filhos. A nova mulher, por sua vez, também viúva, também já tinha filhos, e depois por piada diziam dos filhos, os meus, os teus e os nossos. Ontem à noite tive cá em casa a jantar além dos meus filhos, os filhos da namorada do pai, um rapaz da idade do meu pequeno e uma rapariga da idade do meu grande, e também um par de gémeas que são filhas dum casal amigo que fui buscar à hora do almoço e que vão cá ficar em casa até à próxima segunda-feira. Estou de férias e esta semana é dedicada aos putos. Com as seis crianças sentadas à mesa, regaladas com a minha lasanha, não pude deixar de me lembrar da história dos meus, os teus e os nossos, não só por serem muitas crianças mas também pela mistura. O meu ex-marido, também padrinho da gémea veio cá com a namorada trazer os filhos dela e também veio ver a miúda. Depois de jantar, os rapazes lá fora no jardim e no pátio com as pistolas de água e as bolas, e nós as gajas, nos vernizes e nas maquilhagens. Elas falavam de miúdos cantores que saem na revista Bravo e perguntavam-me qual é que eu achava o mais giro. Tive os miúdos cá quase até à meia noite, eu tinha dito aos grandes para namorarem à vontade, que não tivessem pressa de os vir buscar. Definitivamente, um programa a repetir.
22.7.11
Done
Está feito e se não consigo uma nota superior a um valor que eu cá sei, até me chicoteio. Aquilo foi escandalosamente fácil, não entendo como é que se pretende que a malta saia do secundário a falar inglês com exames com este nível de exigência. Devo ter percebido tudo mal, eu, claro. Dia 7 de Agosto veremos, depois falamos.
20.7.11
Turning point
Não sei explicar muito bem mas sinto que estou perto de um qualquer acontecimento que vai mudar o rumo da minha vida. A expectativa de ingressar na universidade fez nascer em mim algo de novo e excitante mas muito abstracto. O exame de Inglês é já esta sexta-feira e começa uma nova fase, depois a candidatura e o nervosismo da espera. Estou convencida que vou entrar, mentiria se dissesse que estou insegura. Sinto que a minha vida vai mudar, a todos os níveis. Não sei porquê, mas sinto.
18.7.11
Nó
Hoje é o aniversário dele e tenho um nó na garganta porque apetece-me muito agarrar no telemóvel e mandar um "parabéns" mas depois penso que poderá ser interpretado como uma tentativa de aproximação. Dói-me imaginar que ele possa pensar que nem sequer me lembrei, por não me ter manifestado, mas depois penso que pior será o resultado de uma acção decorrente da tentativa de minimizar esta dor. Sinto, dói-me, desfaço-me em dúvidas e hesitações mas depois penso, penso, penso. Apetecia-me tanto abraçar o meu amor hoje, é o seu aniversário, mas depois... depois, penso.
...
E choro.
...
E choro.
14.7.11
13.7.11
Jealousy
Desde ontem que tenho estado a trabalhar com um casal israelita, ambos com quarenta anos e muito cool. Contaram-me que têm dois filhos pequenos e que ele, advogado, deixou uma empresa financeira internacional em Tel-Aviv para se juntar à mulher, designer, que batalha há quinze anos para fazer vingar a marca que iniciou e da qual sempre se ocupou sozinha. Desde que ele se dedicou ao negócio já abriram uma loja e distribuem em quarenta outras lojas. Estão entusiasmados e decidiram deslocar a produção para Portugal para poderem dedicar-se mais à distribuição e promoção da marca. É um conceito engraçado, destinado a mulheres adultas, entre os trinta e os cinquenta anos, que foge ao clássico mas também não é rock & roll. Acho que vai correr bem. Estão deliciados por não terem mais de comprar as matérias-primas e de ter todas as dores de cabeça até às peças estarem dobradinhas nas prateleiras das lojas. Acabamos hoje, antes do previsto e estivemos à conversa, descontraídos. Ela confessou-me que quando vai às lojas das marcas que mais gosta em Paris sente inveja. Demonstrei-lhe admiração, ela continuou, I am a jealous person, when I go to the Zadig & Voltaire store in Paris I am jealous, I think who needs me? What am I doing? I feel jealousy, it's true. Wait, disse-lhe eu, the fact that you aknowledge that and deal with it is a very good thing, it requires a strong personality and shows that you are very self aware. Yeah, yeah, I know that, I can say that peacefully now that I am forty, when I was twenty I could not say this, but the truth is that this jealousy I sometimes feel makes me really sad. Calei-me. Mudei de assunto. Senti-me pequenina.
7.7.11
Força
Sinto o meu amor a fugir-me, a partir sorrateiramente e não sei se sou eu que que não sou assim tão fraca ou se é ele que não é assim tão forte.
5.7.11
Medo
Doem-me as pernas, a direita mais do que a esquerda, uma veia perto do pé que é mais grossa e saliente está particularmente sensível. Fui buscar as meias elásticas ao fundo da gaveta e aliviei a dor, mas não o medo.
4.7.11
Tanta coisa
Há tristeza, há saudade, há vazio. Há leveza, há esperança, há alívio. Há disto tudo um pouco, misturado com uma sensação de recomeço. Há uma força nova a despontar, mas há sossego, há paz. Há horizonte, há mar, há terra e há céu. Há, sobretudo, tudo, outra vez.
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