27.12.10

Voltas

Às vezes regressamos a lugares onde nunca antes estivemos, assim como às vezes regressamos a pessoas que nunca antes tivemos. E mesmo assim sentimos imediatamente que pertencemos, somos invadidos pela sensação de conforto, aquela que nos diz que nunca dali saímos, que nunca nos separamos. Temos simplesmente a certeza que somos, e regressamos.

23.12.10

Pointless

Há mulheres que não precisam de pretexto para se arranjarem. Sem mais nem menos pegam na lingerie mais bonita e vestem-na, só para elas. Calçam as meias de liga e sentem-se bem, só para elas. Olham-se ao espelho e não, não é preciso maquilhagem. Apetece aquele vestido preto e não saem sem o sapato de salto alto. Não há nenhuma ocasião especial, não é para ninguém em especial. É somente para dentro, para um sentimento muito delas, que provavelmente ninguém entende e não faz diferença. Hoje, eu sou essa mulher. Estou triste, deprimida, vazia de entusiasmo, sim estou. Mas sinto-me bem comigo, vesti-me e arranjei-me para mim, só para mim. E agora? Expliquem-me isto.

20.12.10

Para acabar o ano em beleza

Parece que estou deprimida, parece. Parece que é uma depressão, parece. Pois se me perguntou eu respondi, que acordo com vontade de não acordar, que não descortino interesse em nada, que nunca me apetece ir trabalhar. Que confundo as coisas, que acho que fiz o que não fiz e que não fiz o que fiz. Que me esqueço, sim, esqueço-me de coisas das quais não devia esquecer-me. Que me faz falta estar sozinha, que me apetece estar sozinha, que quero estar sozinha e que nunca estou sozinha. Que deixei de fumar há mais de três meses, e que nestes três meses chorei mais do que na minha vida toda, o que não é difícil porque nunca fui mulher de chorar por qualquer coisa, aliás nunca fui mulher de chorar por quase nada e que nestes três meses me fartei de chorar, mas que já não choro, tanto. Que reencontrei uma pessoa que conheço há muitos anos e que este reencontro me pertubou, me abanou e me arrasou, mas já consigo respirar outra vez. Parece que é uma depressão, parece, quase como que a pedir-me confirmação. Sei lá se é uma depressão, não sou médica, foi por isso que cá vim, isso pergunto-lhe eu. É. É uma depressão.

13.12.10

Heart beat

Nada bate o bater de um coração. Que acelera na ansiedade de ver, que dispara com a adrenalina de tocar. Nada bate esse momento em que já não chega a mão para o sentir, é preciso encostar-se o ouvido ao peito para o escutar, para absorver a vibração, permitindo que trespasse o nosso peito e invada o nosso corpo. Sentes? Sim, sinto. O bater de um coração, o ouvir o bater de um coração com o ouvido encostado ao peito desata qualquer nó, derruba qualquer barreira e aproxima o coração que bate do coração que ouve. O bater de um coração é, ao fim e ao cabo, a vida que temos, a vida que damos, e a que recebemos.

2.12.10

Tangerina

O cheiro é maravilhoso. Apetece encher a boca, mas não é para comer. É de massajar, é de acariciar, é de envolver, é de... nem sei. Faltam-me as palavras mas sobram-me as sensações. Desperta-me os sentidos e faz-me sentir bem. Sinto-me sexy, sinto-me doce, sinto-me desejável. Regalo-me com um creme que cheira tão bem que se pudesse comia-o. Cheira a tangerina, e combinado com o gel duche, deixa-me a pele tão macia, brilhante e cheirosa que me apetece trincar-me,  apetece-me tocar-me, uma loucura. O meu creme cheira a tangerina, faz-me sentir bem comigo, faz-me sorrir, e desperta-me os sentidos. Tenho um gajo assim, tal e qual o creme, faz-me tão bem e é tão bom que apetece comer só que não é para comer.  Também cheira bem, mas não é a tangerina.