28.9.09

Barbaridades

Fui ao médico hoje. À médica, para ser exacta. A senhora não é lá muito simpática, o que não me faz diferença absolutamente nenhuma. Prefiro médicos competentes a médicos simpáticos. Ouviu-me com atenção, fez algumas perguntas e inseriu as respostas no computador. Disse-me finalmente que estou a fazer tudo mal. Enumerou uma série de coisas que não se devem fazer à noite porque perturbam o sono. Ora, eu faço-as todas, e mais algumas que já não me apeteceu contar-lhe, porque de certeza que perturbam o sono e como todas as que ela enumerou eu confirmei que eram meu hábito, achei que já era demais. Perguntou-me depois se aconteceu alguma coisa comigo ou na minha vida que pudesse ser a causa da insónia. Respondi-lhe que sim, mas que já não. Sim, aconteceu, mas já não será a causa da insónia. Só porque já é passado e porque tive entretanto 3 semanas de férias que normalmente resolveriam o problema do cansaço, por exemplo. Ou seja, não faz sentido que eu tenha tanta dificuldade em adormecer. Pois muito bem. Tenho uma boa meia dúzia de papéis onde se podem ler pedidos de análises ao sangue, imagino a tudo o que for possível analisar no sangue, além de um electrocardiograma, mais um raio X ao tórax e uma mamografia. Vou andar ocupada nas próximas semanas, está visto. Queremos certificar-nos que as causas da insónia não são físicas, disse-me ela. Ok, pensei eu. Tem lógica. Fiquei a saber que a tiróide pode provocar insónia e uma anemia também. Aprendi qualquer coisa, vá lá. Receitou-me uns comprimidos de uma coisa natural chamada raiz de valeriana, para ajudar a regular o sono só até termos os resultados daquilo tudo. Estranhamente não me disse para tentar reduzir aos mais de 20 cigarros que fumo por dia, nem aos mais de 6 cafés que bebo por dia, nem deixar de ler e ver televisão ao deitar, as coisas que erradamente faço e que ela começou por enumerar. Achei muito estranho, todos os médicos que me passam pela frente invariavelmente me desancam quando admito as barbaridades do tabaco e do café. Ela não. Nem um pio, nem uma expressão de reprovação. Esta médica é das minhas, vai esperar pelos resultados dos exames e das análises e aí sim, vou levar uma ensaboadela daquelas valentes, e o pior é que ela me vai esfregar com as provas no focinho. Vai ser bonito.

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