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10.9.14
A P.D.I.
Os cabelos brancos cobrem-se com tinta há anos. As estrias, essas já sabemos que são para a vida. A banha, tem anos que aparece mais, tem outros que desaparece e, embora uns dias melhor do que outros, aguenta-se. As dores nos ossos são companheiras certinhas das vésperas de mudança de tempo, as dores de cabeça, - vá lá - só dão o ar da sua graça uma vez por mês. Os comprimidos para o sangue já têm lugar cativo na mesa de cabeceira e toma-los já é gesto automático antes de deitar. As ecografias mamárias já não escapam de seis em seis meses para contar os corpos estranhos, não vá aparecer mais algum que desestabilize o convívio pacífico dos outros que já lá estão. As rugas já chegaram e parece que gostam dos aposentos, não me parece que tenham vontade de desandar. São os trinta e nove anos, que ninguém se iluda. A novidade é a visão, corrijo, a falta de visão da qual dei conta no último ano letivo, as letras dos livros e das fotocópias todas desfocadas e as letras do quadro ou da projeção a juntarem-se todas e a tornarem-se numa mancha só. Entretanto, fui buscar os óculos ontem ainda estou espantada por perceber quão mal eu via. Portanto, daqui para a frente, certamente, as maleitas são para piorar. Tirando as que ainda vão aparecer. Ah, e esqueci-me de dizer que desconheço o paradeiro da minha líbido e nada indica que pretenda regressar.
26.9.11
Estreia
Meu dito, meu feito. Ainda dei duas voltas até atinar com a entrada, só depois percebi que mesmo assim não dei com a entrada, mas lá consegui estacionar num buraquito e fiz a caminhada até lá. Ao telefone com uma amiga a dar-me direcções descobri o edifício que queria e cheguei à sala que marcava o horário. Vazia. Sem surpresa, mas fiquei sem saber se o professor teria aparecido ou não, à hora que cheguei tinha tido tempo de se apresentar, os alunos também e de alegremente se terem todos despedido até à próxima aula. Vagueei pelos corredores e percebi a geografia do edifício. Tive tempo para um café e para ler mais um pouco do meu livro. Depois fui à cafetaria. Uma sopa, uma maçã e outro café. Na fila, duas miúdas com a cara pintada viraram-se para trás e perguntaram-se se era professora. Sorri e respondi que não, mas também não disse que era tão caloira como elas. Já cá fora, outra miúda perguntou-me onde era uma sala qualquer e eu, que já por lá tinha andado, dei-lhe instruções precisas para lá chegar, ela ficou a pensar que eu percebia daquilo a potes. Finalmente a hora da aula e eis que me aparece uma prof com idade já próxima da reforma, um ligeiro sotaque brasileiro, simpática, e cinco compinchas de turma. Meia dúzia de gatos pingados, literalmente. Introdução aos Estudos Literários, primeira obra: Capitães de Areia (ou será da Areia?) Gostei. Este livro nunca li, mas gosto de Jorge Amado. A frustração de não ter chegado a tempo do Inglês foi subsituída pela pontinha de entusiasmo dos Estudos Literários. Jorge Amado, bem bom.
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